Advogado é flagrado em presídio de segurança máxima do Ceará com bilhete para chefe de facção

A reportagem apurou que o homem tinha ido fazer atendimento ao detento Paulo Henrique Oliveira dos Santos, 31, o ´Sassá´. Os dois foram levados para a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco)

Escrito por Emerson Rodrigues e Emanoela Campelo de Melo , seguranca@svm.com.br
FOTOS SAP PRESIDIO ADV PRESO
Legenda: A ocorrência foi registrada no fim da tarde desta quarta-feira (15). Durante a abordagem, o advogado suspeito ainda tentou agredir fisicamente o diretor da unidade, segundo a SAP

O advogado Júlio César e Silva Barbosa foi detido no fim da tarde desta quarta-feira (15) na Unidade Prisional de Segurança Máxima do Ceará, em Aquiraz, sob suspeita de tentar entregar um bilhete ao detento Paulo Henrique Oliveira dos Santos, 31, o ´Sassá´, que é apontado pelas autoridades como um dos chefes no Ceará de uma organização criminosa carioca. A reportagem apurou que na saída do atendimento ao detento, o advogado se recusou a mostrar o papel.

[Atualização: 16/09/2021, às 10h09] Júlio César foi autuado em flagrante, na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), pelos crimes de organização criminosa, ameaça, dano ao patrimônio, resistência e desacato.

Ao ser interpelado pelos agentes, o advogado teria ameaçado o diretor da unidade e agido com violência. Júlio César recebeu voz de prisão e foi detido por policiais penais da Segurança Máxima. Ao ser colocado na viatura, ele quebrou parte do xadrez.

Ele e o detento foram levados para a Draco, em Fortaleza. Procurada pela reportagem a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou o caso e disse que o advogado quis repassar informações ao detento e, ao ser questionado pelo diretor da unidade, tentou agredir o gestor do presídio fisicamente.

Foi contido pelos policiais penais de plantão e levado a uma viatura para ser conduzido a Delegacia. Ao entrar no veículo, o advogado quebrou a porta do equipamento cubículo e resistiu a prisão em flagrante"
SAP

[Atualização: 16/09/2021, às 12h36] A Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE) informou, por nota, que, através da diretoria de prerrogativas e do Centro de Apoio ao Advogado, "está acompanhando e apurando todos os fatos para garantir a legalidade da prisão e também que o acusado tenha assegurado o direito à ampla defesa e ao contraditório".

"E caso haja comprovação de envolvimento no caso, informamos que a OAB-CE irá realizar abertura de procedimentos internos disciplinares no Tribunal de Ética e Disciplina (TED)", completa a Ordem.

A reportagem também procurou a Polícia Civil, que não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Quem é 'Sassá'

Paulo Henrique fugiu do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS) em 2008 juntamente com o assaltante de bancos e sequestrador Alexandre Ribeiro de Souza, o ´Alex Gardenal´. Apesar de terem fugido juntos, um parente de Alexandre Ribeiro entrou em contato com a reportagem e disse que ele não tem e nunca teve nenhuma ligação com 'Sassá'. 

Dois anos depois ele foi preso novamente. A captura aconteceu enquanto 'Sassá' estava em sua residência, em Aracaju. Já em 2021, A Polícia Civil cumpriu novamente mandado de prisão contra Paulo. 

Conforme a SSPDS, ele vinha comandando esquema de tráfico de drogas mesmo dentro de uma penitenciária de Pernambuco. Logo após ser descoberto, o preso foi transferido para o Ceará. Quando a unidade prisional estadual de Segurança Máxima foi inaugurada, 'Sassá' foi um dos primeiros a ser levado ao novo equipamento.

CPPL IV

Em 2019, um caso similar aconteceu na saída da Casa de Privação Provisória de Liberdade Agente Elias Alves da Silva (CPPL IV), em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza. O advogado Alaor Patrício Júnior foi detido em flagrante, em posse de quase 20 bilhetes contendo mensagens de integrantes de organizações criminosas.

Alaor tinha se encontrado com quatro detentos do prédio e disse em depoimento, já na delegacia, que foi obrigado a entregar os bilhetes "pois teme por sua vida" e que não poderia dizer às autoridades quem vinha o ameaçando.

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