Nascida e crescida em Sobral, na Região Norte do Ceará, Maria Izolda Cela de Arruda Coelho, 62, é a primeira mulher a efetivamente governar o Ceará. Ela assume o cargo neste sábado (2), quando o governador Camilo Santana (PT) deixa o cargo para se viabilizar como possível candidato ao Senado em 2022.
A cerimônia de posse de Izolda no Governo do Ceará está prevista para às 15h30 na Assembleia Legislativa do Estado; e às 17h no Palácio da Abolição.
Professora e psicóloga, Izolda esteve à frente das principais estratégias adotadas pelo poder público para, progressivamente, transformar o Ceará em referência nacional em Educação.
O Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic), que deu origem ao Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), por exemplo, foi criado e consolidado em sua gestão na Secretaria da Educação. Também foi sob seu comando que o Ceará passou a crescer no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
A futura governadora é especialista em Educação Infantil e Gestão Pública e mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública. Foi secretária estadual da Educação pelos oito anos da gestão Cid Gomes (PDT) e, antes disso, foi secretária municipal da Educação em Sobral.
Reeleição
Com a saída de Camilo, Izolda se fortalece no PDT como pré-candidata à sucessão do Governo. No entanto, se permanecer no cargo de governadora até o fim deste ano, ela deve concorrer somente à reeleição, ou seja, por mais quatro anos de mandato.
Atualmente, ela e o ex-prefeito da Capital, Roberto Cláudio (PDT), são os pré-candidatos mais fortes da disputa interna no partido. Além deles, também são cotados o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (PDT), e o deputado federal Mauro Filho (PDT).
Mediação de conflitos
Izolda sempre esteve próxima do ambiente político — ela é casada com Veveu Arruda (PT), ex-prefeito de Sobral —, mas, até ser convidada pelo então governador Cid Gomes para compor chapa com Camilo Santana à sucessão, nunca antes havia pleiteado um cargo político-eletivo.
Contudo, ela se tornou uma articuladora política importante, especialmente na relação entre PT e PDT. Recentemente, enquanto os partidos se desgastavam nas negociações sobre a composição da chapa que deve concorrer à sucessão de Camilo, Izolda teve encontro com a deputada federal Luizianne Lins (PT) — uma das principais opositoras da aliança — para conversarem sobre ações para o Estado e relações partidárias.
Segurança pública
A experiência de Izolda com Educação também a ajudou a fomentar discussões mais amplas e menos estigmatizadas sobre segurança pública.
Ela encabeçou, no Governo, o Pacto pelo Ceará Pacífico, uma política pública com foco em combater a violência no Estado por meio de ações preventivas e de cuidado com as populações mais vulneráveis, garantindo a elas o direito à proteção, ao amparo, à defesa e à justiça.
Embora a segurança pública tenha sido a área mais desafiadora do Governo Camilo nos últimos anos, o Ceará Pacífico rendeu estratégias importantes. Como, por exemplo, o recente Sistema de Gestão e Informações de Mulheres, proposta vinculada ao Programa Integrado de Prevenção e Redução da Violência e que contribui para a prevenção da violência contra a mulher.
Mulheres na política
De perfil político discreto, tanto que, há pouco tempo, nem perfil oficial nas redes sociais ela tinha, Izolda ganha cada vez mais palco como uma das pioneiras na política cearense.
Na penúltima semana, viralizou nas redes sociais uma foto registrada pelo fotógrafo do Governo, Carlos Gibaja, momentos antes da primeira reunião do Conselho de Governadores do Ceará. Nos comentários e nos compartilhamentos, muitos destacaram o simbolismo da imagem.
Izolda aparece de vestido preto, sozinha, com o corpo e a cabeça levemente inclinados para trás, olhando um grupo de homens descer as escadas do Palácio da Abolição em seu encalço: o então governador Camilo Santana e os ex-governadores Tasso Jereissati (PSDB), Ciro e Cid Gomes (PDT), Lúcio Alcântara (PL), Chico Aguiar e Gonzaga Mota.
Em entrevista exclusiva concedida ao PontoPoder em setembro do ano passado, ao ser questionada sobre fraudes à cota de gênero nos partidos políticos, Izolda falou que achava importante uma ação orgânica e verdadeira a respeito da participação das mulheres na política e em outros espaços de liderança.
“Às vezes eu brinco, falando sério, que as mulheres têm que estar presentes para contribuir, trazer algo de novo, de importante, novos modelos de fazer política. Não imitar o que está”, comentou a então vice-governadora, se referindo às tradicionais práticas políticas dos homens.