O treinador Juan Pablo Vojvoda atravessa o momento mais crítico no Fortaleza. Desde a chegada, em maio de 2021, é a situação de maior pressão da torcida por uma demissão. Encerrar o 1º turno do Brasileirão de 2022 na lanterna reforça um dilema tricolor atual: mudar ou não de comando técnico?
A resposta deve partir da diretoria do clube, que acreditou no trabalho até agora e o manteve no cargo nesta segunda-feira (25). O argentino teve um resultado histórico no último ano, com o G-4 na Série A e a vaga na Taça Libertadores, além de títulos no ano vigente: Estadual e a Copa do Nordeste. Na elite nacional, no entanto, são 15 pontos em 57 disputados.
Vojvoda deve deixar o Fortaleza?
Um rebaixamento, no ano de maior investimento em 104 anos de fundação, seria trágico. Para chegar em 45 pontos, por exemplo, a equipe deve ter aproveitamento maior que 50% durante o 2º turno. A situação é tão ruim que o jogo com o Fluminense pelas quartas da Copa do Brasil é só um detalhe.
Tudo deve entrar na balança. Nas últimas cinco rodadas, venceu apenas uma (Atlético-GO). A distância para o primeiro time fora do Z-4 (Cuiabá) é de cinco. O time de Mato Grosso enfrenta o Coritiba, nesta segunda-feira (25), e a partida irá ampliar a pontuação para seis, independente do placar.
Convicção x desempenho
Vojvoda tem um convicção de jogo bem definida desde o começo da trajetória no Fortaleza. O esquema principal é o 3-5-2, com alas e um trio defensivo. Assim, reinventou o clube naquele momento e contou com grandes destaques, como Pikachu e Éderson, conquistando um cenário histórico para o time. Em 2022, manteve essa ideia e se reforçou, até com a contratação mais cara da história do futebol cearense: Renato Kayzer, agora emprestado para o exterior.
Ao longo da atual temporada, o argentino manteve esse padrão, lidou com saídas importantes do elenco, lesões de destaques e ainda ganhou reforços, até participando de todo o processo de mercado, como a contratação de Silvio Romero. O atacante foi muito importante na Libertadores, mas ainda não fez nenhum gol no Brasileirão.
Quando perguntado sobre a manutenção das ideias, e até de alguns jogadores, foi direto: "Se o torcedor quer decisões populares, não vai encontrar em mim. O Vojvoda tem que fazer o que indica sua consciência. Entende? Eu sempre fui por um mesmo caminho e isso é verdade", afirmou na coletiva.
O grande ponto é a falta de resultados na Série A: é o time que menos venceu (3) e o que mais perdeu (10) na competição. Na zona de rebaixamento, está desde a 2ª rodada. Diante de tantas competições, o Fortaleza não conseguiu ficar bem no principal torneio do projeto.
Assim, o clube tem alguém com convicção no comando e que acredita na reação, já somou um grande trabalho, só que ainda não conseguiu reagir. Na tabela, restam 19 jogos. Há o 2º turno inteiro pela frente, reforços chegaram, e o time precisa competir caso deseje sobreviver: é se reinventar de novo. Uma mudança no comando (ou a falta) também faz parte da atual diretoria, com o presidente Marcelo Paz, que liderou a evolução do clube nos últimos anos e adota a continuidade como filosofia. Seja qual for o caminho, será difícil.