O processo de vacinação contra a Covid-19 no Ceará exige um cadastro na plataforma Saúde Digital, pelo qual as gestões municipais organizam o andamento da campanha. Com base nos registros até a tarde de terça-feira (29), dos 184 municípios cearenses, 123 já vacinaram com a primeira dose (D1) mais de 70% das pessoas que receberam confirmação da inscrição.
Os dados são do IntegraSUS e do Vacinômetro estadual, ambos disponibilizados pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Os números podem oscilar diariamente a partir da inclusão de novos cadastros na plataforma.
A média atual do Estado é de 69% de vacinação dos cadastrados já confirmados. Ao todo, 63 municípios estão na faixa entre 70% e 80%; outros 42 têm entre 80% e 90%; e mais dez têm acima de 90%.
Além disso, oito municípios já têm mais de 100% da população cadastrada com a vacina: Salitre, Tururu, Monsenhor Tabosa, Ipaporanga, Potengi, Frecheirinha, Santana do Cariri e Altaneira.
Segundo a Sesa, antes do cadastro obrigatório no Saúde Digital, parte dos municípios realizava um cadastramento próprio e independente, o que justifica os valores excedentes.
A inscrição digital foi pactuada pela Comissão Intergestores Bipartite do Ceará (CIB-CE) somente na transição de maio para junho, mês em que a campanha completou quatro meses.
Celi Regina é secretária municipal de Saúde de Monsenhor Tabosa, cidade que tinha 6.399 confirmações de cadastro até ontem, mas já vacinou 8.393 pessoas com a D1. Ela explica que a diferença se deu pela dispensa de cadastros nos grupos iniciais da campanha.
Temos uma população indígena em que vacinamos mais de 2.200 pessoas com a primeira dose, independente do cadastro. E tivemos também na população de idosos acima de 60 anos, sem que ele fosse cobrado. Como a gente não tinha aderido ainda ao Saúde Digital, quando recebia, já ia aplicando.
Contudo, com a necessidade de cadastro, a gestão se articula para registrar toda a população. Entre as estratégias, estão a criação de pontos fixos de inscrição, a disponibilização de profissionais para isso nas unidades básicas de saúde e o uso da rádio local para sensibilizar os munícipes.
Conforme verificado nas redes sociais de várias Prefeituras, os municípios cearenses estão promovendo ações de cadastramento, desde mutirões em escolas ou outros equipamentos públicos à disponibilização de números telefônicos com equipes de apoio.
Até o momento, Guaramiranga é a primeira e única cidade no Estado a vacinar todos os adultos: foram 4.607 pessoas contempladas até o último domingo (27), número superior às 4.002 estimadas no último censo do IBGE. Os moradores serão acompanhados pela Sesa para avaliação da resposta imune.
Demora na entrega
Apesar dos números animadores, o andamento da imunização no Ceará é afetado pela inconstância no repasse de doses compradas pelo Ministério da Saúde. Pelo menos 38 cidades do Estado informaram que já zeraram ou têm baixo estoque de vacinas, como Guaiúba, Pindoretama, Cruz e Monsenhor Tabosa.
A demora prejudica o planejamento de municípios como Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza. Por lá, mais de 26 mil pessoas já se cadastraram, mas apenas 9 mil receberam pelo menos a primeira dose - cerca de 33% do total. Na segunda-feira, o município aplicou as últimas doses D1 disponíveis.
Em Fortaleza, o estoque de D1 também deveria acabar nesta quarta (30), conforme previsão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mas uma revisão do número de faltosos em datas anteriores permitiu mais 61 mil marcações para quinta (1º) e sexta (2). Até o momento, foram vacinados 65% da população cadastrada.
Esse déficit deve ser amenizado pela chegada de mais 137.980 doses ainda nesta quarta, segundo o governador Camilo Santana. Serão 86.500 imunizantes da AstraZeneca e 51.480 da Pfizer.
Duas doses
Há cerca de dois meses, a população vacinada com duas doses no Estado fica entre 11% e 12%. Esse percentual só deve mudar a partir de julho, quando o maior volume de cearenses que tomou a D1 em abril deve retornar para o reforço.