Força-tarefa prende 2 suspeitos de facilitar fuga de Lázaro Barbosa e encontra esconderijo em Goiás

Buscas por Lázaro Barbosa chegaram ao 17º dia nesta sexta-feira (25). Secretaria da Segurança Pública acredita que "rede criminosa" o apoia

Escrito por Redação ,
Caso Lázaro Barbosa
Legenda: Na ofensiva, foram apreendidos com os dois suspeitos presos 50 munições e duas armas de fogo. Uma delas havia sido roubada
Foto: Reprodução

A força-tarefa montada para capturar Lázaro Barbosa, tido como o autor da Chacina em Ceilândia e diversos outros ataques, prendeu na noite de quinta-feira (24) dois suspeitos de facilitar a fuga dele e encontrou o esconderijo onde ele poderia estar abrigado, em Girassol, distrito de Cocalzinho de Goiás. As informações são do G1.

Na ofensiva, foram apreendidos com os dois suspeitos presos - que não tiveram a identidade revelada - 50 munições e duas armas de fogo. Uma delas havia sido roubada. As buscas por Lázaro Barbosa chegaram ao 17º dia nesta sexta-feira (25).

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O secretário da Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, acredita que há uma “rede criminosa” que apoia o "serial killer do Distrito Federal".

Ele falou ainda que os detidos já tentaram retirar o foragido da área onde a força-tarefa realiza as buscas, mas que o cerco feito na tarde de quinta-feira (24) ajudou a impedir.

Prendemos duas pessoas que estavam auxiliando ele nas fugas, principalmente a se esconder da ação policial. Eles estão sendo autuados agora por porte ilegal de arma de fogo e por facilitação da fuga.
Rodney Miranda
Secretário da Segurança Pública de Goiás

De acordo com o titular da pasta, as composições estão cada vez mais perto de encontrar o foragido, já que traçaram o trajeto feito por ele.

"Ele andava sempre pelos canais. Dificultando nosso trabalho. Temos um indicativo forte de onde ele está. Vamos virar a noite até prendê-lo. Nós fechamos o perímetro e estamos cercando cada vez mais", disse Rodney Miranda.

Testemunha viu Lázaro Barbosa

Também segundo o chefe da Segurança Pública de Goiás, Lázaro Barbosa "foi visto de muito longe" na quinta-feira (24). "Um vulto que se confirmou. Uma testemunha ouviu e os dois que estão sendo autuados confirmaram. Descobrimos o esconderijo dele. Uma casa onde davam guarita para ele", afirmou.

“Quem facilita a vida de foragido comete crime. Nós temos indício de que há outras pessoas ajudando e nós vamos chegar nelas. A gente tem alcançado o nosso grande objetivo que é não o deixar cometer mais crimes. E, a cada dia, nós estamos mais próximos dele e dessa rede criminosa que apoia absurdamente esse sujeito”, contou.

Notícias falsas

Rodney Miranda também falou que crê que notícias falsas podem estar sendo divulgadas com o objetivo de levar a investigação para "outro lado".

"Temos muito a questão das denúncias falsas para levar nossa ação para outros lados [...]. Pode ser que [Lázaro Barbosa] tenha saído? Pode ser. A probabilidade é muito pequena", considerou.

Pedido de cela separada

Na segunda-feira (21), a Defensoria Pública do Distrito Federal pediu à Vara de Execuções Penais que, quando Lázaro Barbosa for preso, fique em uma cela separada dos demais internos. No entanto, a Justiça do DF negou a solicitação do órgão no mesmo dia.

A juíza Leila Cury classificou que, agora, o requerimento do órgão é "inoportuno", pois depende "da concretização de fatos futuros e incertos". 

Conforme a magistrada, caso Lázaro seja capturado, ainda não se sabe se ele será transferido ao Distrito Federal, já que as buscas por ele estão concentradas em Goiás. Com a negativa da Justiça, a Defensoria Pública recorreu da decisão.

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Fuga da cadeia

Antes de cometer os delitos neste ano, Lázaro Barbosa já havia fugido de presídios várias vezes. A primeira foi em março de 2016, quando ele escapou do Centro de Progressão Penitenciária (CPP), em um "saidão" de Páscoa.

O então presidiário ganhou o benefício depois que ele, que cumpria pena em regime fechado, conseguiu progressão para o semiaberto.

Carta escrita por Lázaro Barbosa e enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a progressão da pena para o regime semiaberto
Legenda: Carta escrita por Lázaro Barbosa e enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a progressão da pena para o regime semiaberto
Foto: Reprodução

Ficha criminal de Lázaro Barbosa

  • 2007: capturado sob acusação de um duplo homicídio no município Barra dos Mendes, na Bahia. Dez dias de ser preso, no entanto, ele fugiu e até hoje é tido como foragido pela polícia local
  • 2009: o criminoso migrou para Brasília, onde ficou em reclusão no Complexo Penitenciário da Papuda (CPP). Os ilícitos atribuídos a ele era porte ilegal de arma de fogo, estupro e roubo
  • 2013: o mesmo presídio emitiu um laudo psicológico informando que o homem era um "psicopata imprevisível". O diagnóstico foi elaborado a partir da conduta agressiva e impulsiva, assim como pela instabilidade emocional e falta de controle e equilíbrio do preso
  • 2014: a Justiça autorizou a conversão da prisão de Lázaro Barbosa para o regime semiaberto
  • 2016: voltou a sumir do radar das forças de segurança
  • 2018: fora do sistema prisional do Distrito Federal, foi alcançado pela polícia de Águas Lindas de Goiás e novamente preso por porte ilegal de arma de fogo, homicídio qualificado, roubo e estupro. Em julho do mesmo ano, escapou da detenção
  • 2020: foi indiciado por roubo mediante restrição da liberdade de quatro idosos e emprego de arma branca durante tentativa de latrocínio em uma chácara em Santo Antônio do Descoberto, em Goiás

CRIMES MAIS RECENTES

Já no último dia 8 de abril de 2020, a polícia de Goiás o indiciou por roubo mediante restrição da liberdade de quatro idosos e emprego de arma branca durante tentativa de latrocínio em uma chácara em Santo Antônio do Descoberto. Na ocasião, uma das vítimas chegou a ser atingida na cabeça com golpes de machado.

De volta ao Distrito Federal, Lázaro invadiu uma casa no dia 26 de abril deste ano no Sol Nascente. Ele levou uma mulher para um matagal e a estuprou enquanto o marido e o filho dela ficaram trancados no quarto.

Em 17 de maio, ele esteve na mesma região e ameaçou populares com arma de fogo e faca. As vítimas foram obrigadas a ficarem peladas. Das 19h até meia-noite, o suspeito prendeu homens no quarto e as ordenou que as mulheres preparassem e servissem um jantar.

No dia 9 de junho, Lázaro invadiu uma chácara em Ceilândia e matou quatro pessoas de uma mesma família: os empresários Cleonice Marques de Andrade, 43, Cláudio Vidal, 48, e os filhos do casal Gustavo Marques Vidal, 21, e Eduardo Marques Vidal, 15.

Na quinta-feira (10), ele rendeu o caseiro de uma chácara e a filha dele próximo ao imóvel dos empresários. Ele ordenou que a mulher preparasse o almoço enquanto ele acompanhava um telejornal. No mesmo dia, voltou a entrar sem permissão em uma casa e fez três pessoas reféns. Duas delas foram obrigadas a fumar maconha.  

O homem fugiu em 12 de junho para Cocalzinho de Goiás, onde invadiu fazendas, disparou contra quatro pessoas e colocou fogo em uma residência. A polícia montou um cerco, mas ele fugiu. Em 13 de junho, o criminoso furtou um carro e o largou na BR-070. 

O que é um serial killer?

A série de ataques realizados por Lázaro Barbosa em um curto espaço de tempo e as informações divulgadas pela Polícia Civil sobre sua personalidade levaram os internautas a chamarem o suspeito de 'serial killer'.

Um assassino em série é aquele que comete crimes com determinada frequência e tem um 'modus operandi' para agir, com características do crime que representam sua marca. 

A criminologista especialista em serial killers Ilana Casoy, que escreveu um roteiro sobre o caso de Suzane von Richtofen, afirmou ao portal G1 que esse não é o momento de definir o perfil psicológico de Lázaro.

"Ele é um fugitivo e precisa ser parado, ser preso porque é um cara de alta periculosidade, de grande experiência e está matando no caminho. Não é hora de pensar se ele é um serial killer, se teve uma infância traumática ou não, se ele é frio, psicótico, esquizofrênico, psicopata".

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