Babá agredida durante briga em condomínio de Manaus diz que não teve chance de defesa
Após nove dias do caso, a funcionária ainda apresenta hematomas resultantes do crime
Agredida com socos e coronhada enquanto deixava o trabalho em Manaus, Amazonas, a babá Cláudia Gonzaga Lima contou ao Fantástico, nesse domingo (27), que não teve chance de defesa e que se sentiu humilhada. Na ocasião, o patrão dela, o advogado Ygor Colares, também foi ferido ao tentar defendê-la.
O casal agressor, formado pela professora de educação física Jussara Oliveira Machado e pelo policial civil Raimundo Nonato Machado, foi preso suspeito pelo crime.
"Só senti quando ela me empurrou. Quando eu me virei, eu já fui apanhando literalmente, né? Ela já foi me batendo, me dando socos. Não tive nem chance de defesa. Me sinto humilhada, é assim que eu me sinto", emocionou-se a funcionária ao relembrar o episódio.
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O caso aconteceu em 18 de agosto, quando a vítima deixava o local de trabalho, em um condomínio no bairro Ponta Negra, na capital amazonense. Em cenas registradas pelas câmeras do local, é possível observar o momento em que ela é empurrada contra o chão pela mulher e, em seguida, agredida.
Ygor chega logo depois e tentar intervir, mas acaba sendo atingido por estilhaços de um tiro disparado pela educadora.
"Se eu não tivesse aparecido ali, não sei o que teria acontecido mais com a Cláudia. Me senti na obrigação de defender a Claudia naquele momento, mesmo sabendo que ele [Nonato] podia estar armado ali. Diria que foi o pior momento da minha vida".
Após nove dias do caso, a funcionária ainda apresenta hematomas resultantes do crime.
"Sabe uma pessoa sem valor? É assim que eu me sinto. Só o que quero, só que peço a Deus é que isso não aconteça com mais ninguém", disse a babá.
Histórico de conflito com suspeitos
Cláudia atua como babá do filho de dois anos de Ygor, que é vizinho de porta dos suspeitos. Segundo o advogado, ele vive no endereço há cerca de três anos e, até julho deste ano, nunca havia tido problemas com o casal.
"O Nonato e a Jussara me procuraram semanas antes de todo esse ocorrido, alegando que a Cláudia estava fazendo fofoca sobre eles no condomínio. A Cláudia negou veementemente qualquer ato de fofoca, e eles ficaram irritados. Eles gostariam que eu demitisse a Cláudia", explicou à atração da TV Globo.
Antes das agressões do dia 18, a funcionária foi abordada pelos suspeitos em outra duas ocasiões. Devido a isso, Ygor decidiu registrar uma queixa por ameaça, injúria e ofensas contra eles. Depois, ele comunicou Jussara sobre a denúncia, e a professora registrou um boletim de ocorrência alegando que o vizinho a ameaçou de morte.
O patrão nega a acusação: "não faz parte da minha índole esse tipo de conduta".
'Discriminação contra condição social'
O representante das vítimas, Josemar Berçot, acredita que o episódio foi uma nítida discriminação contra a babá devido a sua condição social e profissão.
"A única hipótese que nós conseguimos enxergar diante do quadro, das testemunhas das situações anteriores, é que havia uma nítida discriminação contra a senhora Cláudia pela condição social, socioeconômica dela, em ser uma babá", argumenta.
O que diz a defesa dos suspeitos
O advogado responsável por defender o casal, Arthur da Costa Ponte, negou que o crime foi provocado por discriminação, e justificou que o disparo contra Ygor foi acidental.
"O motivo dos fatos não tem nada a ver com discriminação. Foi a respeito dessa confusão que já havia entre as duas. A violência, nesse caso, ela é injustificável, não tem justificativa para a forma como eles agiram. Mas o disparo foi acidental", disse ao Fantástico.