Polícia indicia 3 suspeitos por morte de homem retirado à força de shopping e diz que crime foi 'ato de selvageria'

Conforme a investigação, os suspeitos estavam monitorando Anderson antes de a vítima entrar no estabelecimento comercial

Escrito por
Emanoela Campelo de Melo emanoela.campelo@svm.com.br
shoppingnagressao
Legenda: O crime aconteceu no dia 1º de fevereiro de 2025
Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Ceará indiciou três suspeitos por participação no assassinato de um homem agredido e retirado à força do shopping Via Sul, em Fortaleza. No relatório final que a reportagem do Diário do Nordeste teve acesso os investigadores apontam que o crime se tratou de um "ato de selvageria".

Foram indiciados pela morte de Anderson Pereira da Silva: Diógenes Balbino dos Santos, Rodrigo do Nascimento de Souza e Epitácio Santos Silva. Antônio Edneldo Pereira é o quarto suspeito pelo crime e está preso. Mesmo tendo confessado a participação no homicídio, ele ainda não foi indiciado.

Somente a defesa de Diógenes foi localizada e negou a participação dele no homicídio. A reportagem não conseguiu contato com os representantes dos outros envolvidos. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

Consta no documento que os suspeitos estavam monitorando Anderson antes de a vítima entrar no estabelecimento comercial e decidiram tirar Anderson Pereira de dentro do shopping, porque lá "estava cheio de criança". Diógenes, Rodrigo e Epitácio negam ter matado Anderson.  

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"A motivação do presente homicídio está relacionada à imposição de medo e terror dos investigados, para impor poder, matando para todos que o assistirem não terem dúvidas do quanto são 'destemidos e poderosos', fazendo Justiça com as próprias mãos, aterrorizando em um ato de selvageria, configurando aqui a natureza torpe do homicídio, motivação imoral, pois a necessidade do sentimento de poder se sobrepõe à vida humana", diz trecho do relatório final do dia 10 de fevereiro de 2025.

O Shopping Via Sul emitiu nota, após o crime, em que informou que "o incidente ocorreu em via pública e que as autoridades competentes já estavam no local". O shopping disse que prestou toda a colaboração às investigações e que funcionamento foi normalizado"

FEMINICÍDIO ANTECEDEU O ASSASSINATO

A Polícia teve acesso às imagens das câmeras de segurança do shopping, que ajudaram a identificar e esclarecer o caso. Nas imagens é possível ver três homens imobilizando e espancando a vítima. Do lado de fora, Antônio esperava o desafeto para executá-lo.

suspeitos
Legenda: Quatro homens foram identificados
Foto: Reprodução

Edneldo disse às autoridades que cometeu o crime "na emoção", ao saber que uma mulher teria sido morta pelo companheiro.

Antônio Edneldo contou, em interrogatório no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, que, ao sair do presídio, em dezembro do ano passado, decidiu morar no bairro Sapiranga, na Capital, em razão do domínio da facção criminosa carioca Comando Vermelho (CV) na região - como acontece no Município de Marco, onde ele nasceu.

No dia 1º de fevereiro, Edneldo descobriu que uma vizinha "foi encontrada morta, enforcada por uma toalha", disse à Polícia. O preso afirmou que "não conhecia nem a vítima do feminicídio e nem o autor do crime" e que "mostraram uma foto do suspeito e disseram que a mulher deixou três crianças pequenas órfãs, sendo um deles inclusive especial".

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Edneldo disse ter pego uma arma com um parente da vítima de feminicídio e que foi "para a oficina bem perto do Via Sul esperar para resolver a situação; Que viu quando alguns homens vinham saindo do interior do Shopping segurando a vítima (autor do feminicídio) e confessa que mandou todo mundo se afastar e matou a vítima; Que em seguida saiu de bicicleta, devolveu a arma para a família da vítima de feminicídio e foi embora para a sua casa em Marco".

A Polícia disse ter prendido o autor dos disparos em flagrante, mas a Justiça Estadual considerou o flagrante 'ilegal', tendo em seguida decretado a preventiva do suspeito, a pedido do Ministério Público do Ceará (MPCE)

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PRIMEIRAS PRISÕES

Poucas horas após o homicídio, a Polícia Civil prendeu o primeiro suspeito de participar da execução. Diógenes Balbino, conhecido como 'Grandão', de 34 anos, foi detido em casa, no bairro Água Fria. 'Grandão' aparece em filmagens obtidas pelo DHPP, conversando com outros suspeitos, antes do crime; acompanhando as agressões a Anderson. A blusa vermelha, que Diógenes utilizava - como mostram as imagens das câmeras -, foi apreendida pela Polícia como prova da sua participação no homicídio.

Ao ser interrogado pelos policiais civis, Diógenes dos Santos afirmou que não é faccionado e que não participou do assassinato. Assim como Epitácio e Rodrigo, Diógenes admitiu que conhecia Anderson e que sabia do feminicídio ocorrido na comunidade. 

A defesa de Diógenes Balbino dos Santos, representada pelo advogado Bruno Leão Brito, enviou nota à reportagem em que sustenta que as acusações contra o cliente são frágeis: "É fundamental que a sociedade compreenda que a Justiça deve ser pautada por provas concretas e não por suposições ou julgamentos precipitados".

Epitácio também negou participar do homicídio, e disse que só entrou em luta corporal com Anderson, porque ele estava muito agressivo, mas que a intenção era levar o suspeito pela morte da mulher até a Polícia: "a todo instante pediam para populares chamarem a Polícia, quando ouviu alguém gritar: 'sai do meio' e em seguida ouviram os disparos" efetuados por Edneldo.

 

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