Ceará tem aumento de 22% nos homicídios em junho

O maior aumento foi em Fortaleza que passou de 45 CVLIs em junho de 2023 para 61 em junho deste ano

O Ceará registrou aumento de mortes violentas no último mês de junho, comparado a igual período de 2023. De acordo com dados informados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o mês terminou com acréscimo de 22,7% nos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs), que englobam homicídios, feminicídios, latrocínios (roubos seguidos de morte) e lesões corporais seguidas de morte.

Todas as regiões do Estado registraram aumento, sendo o maior deles em Fortaleza (35,5%), seguido do Interior Norte (32,7%). Em junho do ano passado foram 45 CVLIs na Capital, enquanto que em 2024, o número passou para 61.

A SSPDS compara junho com maio deste ano, e afirma que houve uma "desaceleração da curva de crescimento e no decréscimo dos indicadores criminais" que englobam os CVLIs. Conforme a Pasta, a intensificação dos trabalhos ostensivos e investigativos está "alinhada aos investimentos do Governo do Ceará, por meio do incremento financeiro com o reforço de novos policiais militares, policiais civis e peritos".

VEJA COMPARATIVO ENTRE JUNHO DE 2024 E JUNHO DE 2023:

  • Ceará - 211 (2023) / 259 (2024) - Aumento de 22,7%
  • Fortaleza - 45 (2023) / 61 (2024) - Aumento de 35,5%
  • RMF - 66 (2023) / 67 (2024)  - Aumento de 1%
  • Interior Norte - 58 (2023) / 77 (2024) - Aumento de 32,7%
  • Interior Sul - 42 (2023) / 54 (2024) - Aumento de 28,5%
  • Estado todo jan a junho 2024 - 1.714
  • Estado todo jan a junho 2023 - 1.387
  • Aumento de 23,5% no acumulado do ano de 2024

CRIMES DE MAIOR REPERCUSSÃO

Dentre os crimes registrados no último mês, se destacam uma chacina em Viçosa do Ceará e uma tentativa de chacina em Fortaleza, no bairro Barroso, com nove crianças e adolescentes baleados.

Ambos ataques foram motivados por guerra entre facções criminosas

Em Viçosa morreram oito pessoas. O crime aconteceu em praça pública, no dia 20 de junho. Das vítimas, duas tinham antecedentes criminais.

OPERAÇÃO DEFLAGRADA

Em meio ao aumento das mortes violentas, a SSPDS vem deflagrando operações para cumprir mandados de prisão, com foco em desarticular grupos criminosos e o tráfico de drogas.

No dia 28 de junho, 22 mandados foram cumpridos em Fortaleza, Região Metropolitana e no Interior do Estado. O secretário da segurança pública participou das buscas pelos suspeitos de integrar facções.

Desses 22 mandados, sete foram cumpridos contra suspeitos de envolvimento em crimes que já estão recolhidos em unidades prisionais, sendo que um deles está preso no estado de São Paulo. Segundo a Pasta, três dos suspeitos já respondem por crimes de homicídios. 

Já nessa sexta-feira (5), a SSPDS divulgou o início da Operação Integração Saturação Total, realizada em bairros de Fortaleza e Caucaia.

Cerca de 330 policiais civis, militares e penais participam dos trabalhos, que contam com 85 viaturas e 33 motocicletas.

O governador Elmano de Freitas e o secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Roberto Sá, acompanharam a abertura da operação coordenada. 

CHACINA

O Diário do Nordeste apurou junto a fontes ligadas à investigação da chacina que um rompimento com um grupo armado e uma dívida de drogas e de armamentos teriam motivado a chacina no Interior do Estado.

As informações apontam que a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) estaria por trás do ataque. O alvo da ação seria Ana Caroline de Sousa Rocha, de 23 anos, que recentemente teria se vinculado ao Comando Vermelho (CV). Ela foi uma das vítimas assassinadas.

Cinco suspeitos foram presos em diversas regiões do País, como Mato Grosso do Sul, Piauí e Pará. No Mato Grosso do Sul, o homem tentava fugir para a Bolívia quando foi capturado.

CRIANÇAS VÍTIMAS

A Polícia Civil do Ceará concluiu inquérito acerca da tentativa de chacina no Barroso, em Fortaleza, que deixou uma criança e uma mulher mortas. Outras oito crianças e adolescentes ficaram feridas.

Cinco pessoas foram indiciadas, sendo quatro com participação direta no ataque. A motivação deste crime foi a guerra entre as facções criminosas Massa Carcerária -Tudo Neutro (TDN) e Comando Vermelho (CV).

As vítimas assassinadas na tentativa de chacina são Daniel Levi, de 10 anos, e a dona de casa Francisca Ivone Vidal do Nascimento, de 48 anos, baleada quando tentava proteger as crianças.

Um parente de Daniel contou presenciado uma "cena de terror": "foi muito repentino, rápido. Eles atiraram sem ter alvo, foram mais de 50 tiros. Peguei meu filho e corri. Quando cheguei lá e vi, parecia cena de terror. Vi o Danielzinho no chão. Era muito sangue. Ele já não respondia mais, já não estava mais respirando".