O passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi apreendido pela Polícia Federal, nesta quinta-feira (8). A informação foi divulgada por Andréia Sadi — jornalista da Globonews. O documento foi apreendido durante execução da Operação "Tempus Veritatis".
A PF apura informações sobre organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito nos últimos anos.
A informação da colunista foi confirmada por Paulo Bueno, advogado do ex-presidente. A certidão de entrega do passaporte já foi emitida.
O documento de Bolsonaro estava no gabinete do ex-presidente na sede do PL, em Brasília. O mandado de busca e apreensão foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Militares e ex-ministros alvos de operação
- General Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
- General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
- Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha (veja o que ele disse sobre a operação);
- Anderson Torres, delegado da PF e ex-ministro da Justiça;
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro;
- Tercio Arnoud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro, conhecido como um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”;
- Ailton Barros, coronel reformado do Exército
Operação acontece em vários estados
A operação da PF cumpre 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
Os alvos da ação policial estão espalhados pelos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.
O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.
O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.