Foco em pesquisa para definir escolha do PDT não agrada aliados: 'não se pode dar o luxo de errar'

A coluna ouviu deputados estaduais sobre o assunto

A pesquisa contratada pelo PDT para avaliar o cenário de pré-candidaturas no Ceará nem foi divulgada ainda, mas já movimenta o cenário eleitoral. Enquanto a governadora Izolda Cela (PDT) tenta minimizar os ainda desconhecidos números do levantamento, aliados governistas cobram a análise de mais variáveis para a definição da candidatura pedetista.

Entre essas variáveis estão a capacidade de diálogo com demais partidos da base, desenvoltura discursiva para debates, poder de persuasão da população e capacidade de crescimento.

Para os aliados consultados pela coluna, os números isolados da pesquisa não são suficientes para definir a candidatura do grupo governista. Há a necessidade, para eles, de uma análise global do tema.

O deputado estadual Tin Gomes (PDT) defende que a escolha deve ser feita de uma maneira "fria", com o partido sentando e conversando com aliados. "Não se pode dar o luxo de errar", diz.

E para não errar, há a expectativa de mais duas outras pesquisas contratadas pelo partido para consumo interno. 

A escolha teria que ser feita através das pesquisas, mas também através da análise de cada candidato em cada situação: o candidato que mais aglutina, que mais tem condição de debate, o que tem menos rejeição
Tin Gomes (PDT)
Deputado estadual

O argumento é compartilhado pelo deputado estadual Guilherme Landim (PDT). Para o parlamentar, pesquisa "é um instrumento importante" porque "a percepção da população" tem que ser considerada nesse cenário.

No entanto, Landim defende também que a indicação do nome para liderar o grupo governista na disputa de outubro precisa ser alicerçada por mais de uma variável.

São várias variáveis e essa é uma das mais importantes, mas todo o restante tem que ser visto: quem agrega forças, quem tem desenvoltura, poder de persuasão na população, perspectiva de crescimento
Guilherme Landim (PDT)
Deputado estadual

Aliados

Principal aliado do governo, o PT já declarou publicamente a preferência pela reeleição da governadora Izolda Cela. Entre seus quadros, o argumento é de que a pesquisa é importante, mas outros elementos precisam ser considerados.

"O melhor encaminhamento, o próprio senador Cid Gomes já sinalizou. O critério que acho absolutamente importante é o critério que tem a pesquisa somando também com o nome que mais agrega e aglutina a base aliada da qual o governo faz parte", defendeu o deputado estadual Acrísio Sena (PT).

Para o petista, que sempre defendeu a manutenção da aliança entre as duas legendas, "só pesquisa não dá conta da complexidade do momento".

O deputado estadual Elmano de Freitas (PT), que tem bom trânsito no partido aliado, prefere não opinar sobre as decisões internas do PDT, mas respondeu à coluna como se o cenário posto fosse no PT.

"Se fosse o caso do PT e me propusesse que fizesse uma pesquisa eu diria que uma pesquisa ajuda, é bom para ter mais elementos para a tomada de decisão. Agora, espero que a pesquisa considere os elementos concretos que estão postos na política", sinalizou.

Elementos esses que já estão muito claros no discurso do PT. "Tem nomes do PDT que contam apoios da aliança e há candidaturas que não têm esse apoio", disse.

Fim do prazo

Depois de tantos adiamentos e do aprofundamento da crise, os prazos para o PDT estão cada vez mais afunilados. Pedetistas, agora, esperam que o anúncio seja feito até o dia 15 deste mês. As convenções partidárias começam no dia 20.

Enquanto isso, o PT adiou encontro local que teria no último sábado (2). A legenda não quer tomar decisões sem saber o que o PDT vai decidir.

Publicamente, o partido já anunciou que não apoia o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) caso seja escolhido pela cúpula pedetista. O presidente do PT Ceará, Antônio Filho, chegou a convidar o presidente do MDB Ceará, Eunício Oliveira, para a reunião do partido.

Assim como PT e MDB, o PP tem dado declarações a aliados que não pretende apoiar o ex-prefeito.