Celebramos, neste mês de dezembro, a notícia de que nossas crianças, de cinco a 11 anos, poderão se vacinar contra a Covid-19. A aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) veio com muita comemoração por parte de quem já entendeu que a vacinação tem salvo nossas vidas. Não podemos duvidar que a diminuição do número de mortes e internações e mesmo contágio pelo coronavírus é decorrente da vacinação. O Ministério da Saúde, após algumas contradições, anunciou que a vacinação nesse grupo deve se iniciar neste mês de janeiro.
É certamente um alento após nos chegarem informações como a de que, nos Estados Unidos, já se contabilizam quase 1,8 milhão de casos em crianças de 5 a 11 anos. É nesse sentido que acredito que a nova fase da vacinação será decisiva no nosso caminhar para a superação da Covid-19.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que crianças e adolescentes entre cinco e 14 anos são os mais afetados pela nova onda, assim como nenhuma outra doença imunoprevenível causou tantos óbitos nessa faixa etária, no Brasil. A Sociedade Brasileira de Pediatria e a Fiocruz apresentaram uma defesa enfática da inclusão das crianças na vacinação. O Fórum Nacional de Secretários de Estado de Assistência Social manifestou-se também favorável, sempre atento às famílias vulneráveis.
A perspectiva da vacinação é também um alento se pensarmos nos outros tantos impactos da pandemia do coronavírus sobre as crianças. Não apenas o adoecimento pelo vírus é uma ameaça aos pequenos. O Unicef divulgou, este mês, que a crise da Covid-19 afetou meninos e meninas em uma escala sem precedentes. Nos termos da entidade internacional, vivenciamos hoje a pior crise para as crianças nos 75 anos de história do Unicef.
Recuamos em avanços importantes, como as responsabilidades da criança dentro de casa, no acesso à escola, na segurança alimentar e na saúde mental. A lista de temas que precisaremos voltar a lutar é certamente maior.
De acordo com o relatório, em outubro de 2020, a pandemia havia interrompido ou suspendido serviços de saúde mental em 93% dos países em todo o mundo; o número de crianças em situação de trabalho infantil aumentou para 160 milhões em todo o mundo; e 50 milhões de crianças sofrem de desnutrição aguda, a forma mais letal de desnutrição, também em todo o mundo.
Superar a pandemia é urgente e já está evidente que a vacinação que é o principal caminho para isso. Hoje isso se faz pelos nossos pequenos que são nosso futuro. Somente controlando essa doença teremos condição de voltar a avançar em questões tão caras ao desenvolvimento infantil.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.