Com Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) lotadas, aumento contínuo e veloz de contaminações e crescimento de óbitos por Covid-19, o Ceará vivencia hoje a fase 3 do Plano de Contingência de Combate à Pandemia no Estado. Essa é a etapa mais severa na dinâmica da pandemia e, conforme o documento da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), requer medidas mais rigorosas diante da “emergência em saúde pública”.
Quando os casos de Covid-19 voltaram a crescer de forma expressiva no Ceará, ainda em dezembro de 2020, a Secretaria publicou uma atualização do plano. À época, o Estado estava na fase 2, caracterizada por “perigo iminente” para uma possível segunda onda.
Atualmente, o cenário epidemiológico confirma a ocorrência de um segundo ciclo epidêmico. Na fase 3, os focos das ações são a redução da intensidade da pandemia e o retardo no aumento dos casos. Para isso, recomenda medidas mais rígidas que devem ser adotadas pelas autoridades:
- Reativação de Postos de Atendimento Médico (PMA) e/ou hospitais de campanha nas regiões de saúde;
- Ampliação de leitos de UTIs;
- Manutenção estável do fornecimento de mercadorias e preços para garantir o bom funcionamento;
- Monitoramento e atualização dos protocolos clínicos de testes e diagnósticos;
- Aquisição de remédios indicados conforme atualização do tratamento;
- Redução de cirurgias eletivas;
- Suspensão de atividades coletivas;
- Redução de movimento das pessoas;
- Fechamento de fronteiras;
- Estabelecimento de barreiras sanitárias.
“O plano é muito dinâmico, do mesmo jeito que as fases são muito dinâmicas. Estamos entrando agora na fase de mitigação, que o grande objetivo é reduzir mortalidade, já que existe transmissão comunitária intensa da doença”, destaca a secretária-executiva de Vigilância e Regulação da Sesa, Magda Almeida.
Cinco fases diferentes
Ela garante que o direcionamento “continua praticamente o mesmo”, apenas atualizando informações como a localização de alguns leitos e recomendações sobre as novas variantes do vírus.
“O plano se baseia em indicadores. As fases já estão dispostas, só estamos ativando ou reativando a depender da quantidade de casos confirmados e de óbitos”, explica Magda.
Ao todo, o plano estabelece cinco fases de ação, sendo a primeira “alerta” e, as duas últimas, “recuperação” - permitindo a retomada de atividades econômicas e comportamentais - e “desativação”, ainda sem um horizonte porque é ativada somente com a situação “sob controle”.
Um novo decreto do Governo do Estado, que entrou em vigor neste sábado (27), aumentou as restrições de funcionamento do comércio e serviços e contempla parte das recomendações do plano. Além dessas medidas, a gestão busca ampliar a capacidade de UTIs em hospitais, com projeção de chegar a 1.047 unidades até 31 de março.
Veja quais as novas medidas anunciadas:
- Toque de recolher entre 20h e 5h, de segunda a sexta-feira, e entre 19h e 5h aos sábados e domingos, com saídas permitidas somente em situação de comprovada necessidade;
- Comércio de rua funciona de segunda a sexta-feira até as 17h. As outras atividades econômicas e as religiosas, até 19h. Serviços essenciais podem funcionar após esse horário. No sábado e domingo, restaurantes funcionam até as 15h, e outras atividades econômicas e religiosas até as 17h;
- Espaços públicos continuam com circulação restrita todos os dias a partir das 17h;
- Igrejas devem realizar suas atividades com até 30% de sua capacidade, e estimular as celebrações de forma virtual;
- Academias de ginástica devem funcionar com 30% de sua capacidade, devendo fazer o agendamento de horários para o devido cumprimento de todos os protocolos sanitários;
- Continua remoto o trabalho para servidores públicos, com exceção das atividades essenciais. Recomendação para a mesma medida junto ao setor privado;
- Seguem as barreiras sanitárias em Fortaleza, com recomendação para o controle por parte dos municípios no Interior.
No dia 11 de fevereiro, a Assembleia Legislativa do Ceará também aprovou a prorrogação, até 30 de junho, do Decreto Legislativo que reconhece a ocorrência de calamidade pública no Estado devido à Covid-19. O primeiro havia sido estabelecido em 3 de abril de 2020.