A queda do avião bimotor que levava a jovem cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas, na última sexta-feira (5), levanta diversos questionamentos sobre a causa desta tragédia. Todos morreram. No entanto, ainda é precipitado apontar o que provocou o acidente antes de o processo investigativo ser concluído.
Até o momento, fontes oficiais passaram dados que serão usados durante a apuração. Todavia, informações precisas de como ocorreu o acidente, o que houve antes da queda e por que o avião voava tão baixo ainda serão respondidas. Veja o que se sabe até agora:
Quando ocorreu o acidente
A aeronave caiu por volta das 15 horas, na sexta-feira (5 de novembro de 2021), na zona rural de Piedade de Caratinga (MG), próximo ao acesso da BR-474. Marília faria um show na cidade vizinha, Caratinga.
Conforme o Corpo de Bombeiros, os agentes foram acionados por volta das 15h30.
Qual era o avião e a quem pertencia
O bimotor Beech Aircraft, prefixo PT-ONJ, foi fabricado em 1984 e tinha capacidade para seis passageiros. O avião era de uma empresa chamada PEC Táxi Aéreo.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave estava em situação regular e tinha permissão para ser utilizado para circulação de táxi aéreo.
Na manhã deste domingo (7), a empresa teve autorização para retirá-lo do local do acidente.
O que pode ter causado o acidente
Técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), unidade da Força Aérea Brasileira (FAB) responsável por investigar acidentes e incidentes de aviação, ainda apuram as razões da queda, mas já se sabe que a aeronave colidiu com fios de alta tensão antes de cair.
Pilotos já haviam alertado sobre o problema
Em setembro e agosto, os órgãos aéreos da região receberem informações de outros pilotos sobre os fios estarem atrapalhando o pouso no aeródromo de Caratinga.
Os relatos são denominados Notificação Aeronáutica (Notam), que apontam dados sobre riscos e alertam outros pilotos que sobrevoam a região sobre perigos para operar na área.
Avião não tinha caixa-preta
Neste sábado (6), o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou que o avião não tinha caixa-preta.
No entanto, foi encontrado um geolocalizador que serviria de referência, junto ao plano de voo, para investigar as causas do acidente.
Pilotos eram experientes
O piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior, que comandava o avião, tinha cerca de 30 anos de experiência como piloto e chegou a fazer carreira na aviação comercial, segundo familiares.
Ele estava aposentado, mas voltou a atuar na profissão e, mais recentemente, pilotou diversos voos para levar insumos, oxigênio e vacinas até Manaus (AM), uma das cidades mais atingidas pela Covid-19 no País.
O copiloto Tarciso Pessoa Viana, de 37 anos, trabalhava profissionalmente há 12 anos.
Fatores humanos
Conforme relatos, o piloto Medeiros Júnior estava de férias quando precisou atender ao voo da cantora.
Segundo o irmão dele, Antônio Helder, outros dois pilotos da empresa para a qual o irmão trabalhava, a PEC Taxi Aéreo, pediram demissão. "Ele teve que ir fazer esse voo", lamentou.
Empresa proprietária de avião acumulava irregularidades
Apesar de a aeronave que caiu estar regular, a empresa proprietária do avião é alvo de inúmeras denúncias de irregularidade na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
"A empresa [PEC Táxi Aéreo] acumula irregularidades que colocam em risco tripulantes e passageiros", aponta documento do Ministério Público Federal (MPF). As informações são do UOL e da CNN.
Avião estava com problema no para-brisa
Considerado regular pela Anac, o avião apresentava problemas no para-brisa, aponta denúncia apresentada pela Procuradoria da República em Goiás.
"O vidro fica embaçado, com prejuízo visual em pousos e decolagens, fato conhecido pela empresa, porém ignorado", diz o documento. Não há, porém, como afirmar a relação desse fator com o acidente.