Sandra Mathias chega à delegacia no RJ para depor sobre caso de entregador chicoteado

A agressora havia sido convocada ainda na semana passada, mas faltou ao primeiro depoimento alegando estar "machucada"

Sandra Mathias Correia de Sá, ex-atleta e professora de vôlei, foi à 15ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro, na Gávea, na tarde desta segunda-feira (17), para prestar depoimento no caso que envolve agressões desferidas por ela em Max Ângelo dos Santos, 36, entregador de aplicativo. Informações são do O Globo.

De acordo com o jornal, Sandra havia sido convocada para depor na quarta-feira passada (12), mas não compareceu. Sua defesa apresentou um atestado alegando que ela estaria "machucada".

O crime aconteceu no domingo de Páscoa, 9 de abril, e foi registrado como lesão corporal e injúria simples. Neste momento, conforme O Globo, a polícia estuda mudar para injúria racial, que tem o mesmo tratamento jurídico de racismo. Isso porque, num dos momentos da agressão, Sandra chega a usar uma guia para conduzir cães para chicotear Max Ângelo.

Entenda o caso

Tudo começou no último domingo de Páscoa, quando Sandra teria ficado "insatisfeita" ao ver entregadores de aplicativo trafegando de moto na calçada em que ela passeava com seu cachorro. Um grupo de entregadores foi agredido verbal e fisicamente pela mulher. Os registros da agressão circulam nas redes sociais.

Nas imagens, Sandra diz para os homens "voltarem para a favela". Depois, tira a guia do cachorro e chicoteia ao menos quatro vezes as costas de um deles, Max Ângelo dos Santos. O rapaz, morador da Rocinha, se tornou entregador em setembro do ano passado, segundo O Globo, quando perdeu a carteira assinada ao ser demitido de seu antigo emprego como porteiro em um prédio na zona sul do Rio de Janeiro.

Max, após a agressão, foi à delagacia prestar depoimento e se submeter a exames no Instituto Médico Legal (IML), onde foram constatados os hematomas provocados pela agressão.

O advogado do entregador, Joab Gama, espera que seu cliente seja chamado novamente para complementar o inquérito policial com novas informações. "Meu cliente nunca buscou visibilidade ou auferir qualquer tipo de lucro, mas sim que ela [a acusada] responda de forma criminal e que, ao final, seja condenada, para que sirva pelo menos como parâmetro para que outras pessoas não passem pela mesma situação que o Max está passando agora", disse.

"É com a entrega que venho mantendo a minha família de pé. Sou pai de três filhos: de 13, 12 e 8 anos e não tive como esconder deles o que aconteceu. Eles assistiram na TV, viram na internet, leram nos jornais. Estava em toda parte que o pai deles sofreu racismo. E como explicar isso a eles? Conversei muito, mas não queria que meus filhos tivessem visto o pai deles apanhando. Mas, ao mesmo tempo, achei bom. Eles vão aprender a não abaixar a cabeça para ninguém, assim como eu aprendi. Vão descobrir que o racista é racista e isso não vai mudar", comentou Max.

Vaquinha

Após a repercussão do caso, Max ganhou do iFood uma motocicleta e uma bicicleta elétrica. Além disso, uma vaquinha virtual foi criada pelo ator João Vicente de Castro e pelo apresentador Luciano Huck para ajudar o entregador a comprar a casa própria. A movimentação já arrecadou em torno de R$ 100 mil em menos de um dia.

O entregador também contou que tem recebido diversas propostas de emprego e que, inclusive, nesta segunda, irá a uma entrevista de trabalho na Barra da Tijuca.

Agressora tem passagens pela Polícia

Sandra Mathias tem outras três passagens pela Polícia: uma por lesão corporal, em 2007, outra por injúria e ameaça, em 2012, e uma terceira por furto de energia, em 2021.