Após abdicar do trono brasileiro, o primeiro imperador do Brasil, Dom Pedro 1º, retornou a Portugal em 1831, falecendo três anos depois vítima de uma tuberculose, com apenas 36 anos de idade.
Diversos boatos ao longo da história, no entanto, apontavam para a sífilis como a causa da morte do monarca, conhecido na época por sua vida sexual bastante ativa. Embora tenha casado duas vezes, o imperador ficou conhecido por ser bastante infiel e ter muitas amantes.
Dom Pedro não morreu de sífilis
Contudo, segundo informações do Uol, laudos médicos divulgados recentemente mostram que ele não morreu da infecção sexualmente transmissível, como também sequer contraiu a doença.
O material até então desconhecido estava em Munique, na Alemanha, e foi descoberto pela pesquisadora e escritora brasileira Cláudia Thomé Witte. No acervo aparecem detalhes dos medicamentos ministrados ao português nas últimas semanas de sua vida.
"Não há nenhum dado que aponte para sífilis, nem nunca vi nenhuma descrição das lesões típicas da sífilis, nos genitais, na pele etc", disse o historiador e médico português Pedro de Freitas, doutor pela Universidade Maimonides, nos Estados Unidos, em entrevista ao Estadão.
Tratamento com mercúrio
O médico acredita que o boato da sífilis pode ter surgido porque o imperador foi tratado com mercúrio, também usado na época contra infecção sexual. No caso de Dom Pedro 1º, no entanto, o remédio foi usado "como antihemorrágico para evitar as hemoptises", que é a eliminação de sangue pela tosse.
O uso de sanguessugas e sangrias, assim como a ingestão de tônicos em vinho e medicamentos como aloés, ruibarbo e digitális, também foram opções no tratamento do monarca. Já para aliviar a dor, usaram morfina e ópio, segundo Freitas.
Além disso, uma pesquisa feita por Valdirene Ambiel, da Universidade de São Paulo (USP), já havia apontado que tomografias dos restos mortais do imperador traziam indícios de tuberculose.