O Brasil fecha as portas para passageiros oriundos de seis países da África a partir desta segunda-feira (29). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a restrição tem o objetivo de impedir o avanço da variante Ômicron do coronavírus.
A mutação foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma variante de preocupação.A portaria foi publicada no sábado (27).
Pelas regras, as restrições são para voos que vieram ou passaram, nos últimos 14 dias, por:
- República da África do Sul;
- República de Botsuana;
- Reino de Essuatíni;
- Reino do Lesoto;
- República da Namíbia;
- República do Zimbábue.
No entanto, a regra não vale para os seguintes cacos:
- Estrangeiro com residência de caráter definitivo, por prazo determinado ou indeterminado, no território brasileiro;
- Profissional estrangeiro em missão a serviço de organismo internacional, desde que identificado
- funcionário estrangeiro acreditado junto ao Governo brasileiro;
- Estrangeiro: a) cônjuge, companheiro, filho, pai ou curador de brasileiro; b) cujo ingresso seja autorizado especificamente pelo governo brasileiro em vista do interesse público ou por questões humanitárias; c) portador de Registro Nacional Migratório.
Pressão sobre a África
A nova mutação foi notificada pela primeira vez pela África do Sul em 24 de novembro. Desde sexta-feira (26), cada vez mais países suspendem as viagens com a África do Sul, Zimbábue, Namíbia, Lesoto, Essuatini (ou Suazilândia), Moçambique e, em alguns casos, Malawi.
No sábado (27), o governo sul-africano se disse "castigado" por ter detectado a nova variante e lamentou que sua excelência científica por tê-la descoberto acabe penalizando o país.
Por sua vez, o presidente americano Joe Biden destacou que a emergência dessa nova variante mostra que ela "não acabará sem vacinações a nível mundial" e pediu doações de mais vacinas para os países pobres.
O coronavírus deixa mais de 5,18 milhões de mortos em todo o mundo desde sua aparição na China no final de 2019, embora a OMS estime que os números reais possam ser muito maiores.
Mundo fecha as portas
Os Estados Unidos proibiram a entrada em seu território de viajantes procedentes do sul da África, exceto os que são americanos ou residentes permanentes no país. Canadá, Brasil e vários países árabes, como a Arábia Saudita, também adotaram restrições.
Na Ásia, o Japão vai endurecer suas limitações de entrada, com 10 dias de isolamento para todos que chegarem dessa região. A Tailândia anunciou uma proibição de entrada a partir de dezembro e a Coreia do Sul aplicará restrições de vistos e uma quarentena a partir de domingo para os passageiros procedentes de oito países, entre eles a África do Sul.
A União Europeia recomendou suspender as viagens procedentes da África do Sul e de outros seis países da região. Vários países europeus, como o Reino Unido, França, Itália e Suíça proibiram os voos desses países africanos, medida que será aplicada a partir de domingo na Rússia e de terça-feira na Espanha.
Aumento de casos na Europa
A emergência da Ômicron coincide com um aumento de casos de Covid-19 na Europa, que obrigou as autoridades de diferentes países a reforçarem as medidas sanitárias.
Os temores relacionados à nova variante fizeram que as bolsas e os preços do petróleo despencassem, um mercado que na sexta-feira viveu seu pior dia em 17 meses.
Na sexta-feira, a OMS disse que poderia levar várias semanas para determinar se a nova variante provoca mudanças na transmissibilidade ou gravidade da Covid-19, assim como na eficácia das vacinas.
Vacinas serão testadas
Os laboratórios Pfizer/BioNTech informaram que estão estudando urgentemente a eficácia de sua vacina contra essa nova variante e que teriam dados "em duas semanas no mais tardar".
Neste sábado, o cientista britânico que liderou as pesquisas sobre a vacina Oxford/AstraZeneca contra o coronavírus, Andrew Pollard, afirmou que é possível criar uma nova contra a variante Ômicron "muito rápido".
O professor considerou que é "altamente improvável" que esta nova variante se propague com força entre a população já vacinada.
Cerca de 54% da população mundial recebeu ao menos uma dose da vacina anticovid, mas nos países de baixa renda essa proporção é de apenas 5,6%, segundo o portal Our World in Data.
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