Cristina Kirchner acusa opositor de envolvimento com o atentado sofrido por ela em setembro

A vice-presidente suspeita de um deputado de oposição ao governo argentino e de uma juíza

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, 69, acusou, nesta quinta-feira (10), o deputado oposicionista Gerardo Milman, de envolvimento com o atentado sofrido por ela no último dia 1º de setembro, quando o brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel tentou atirar contra ela à queima-roupa, em frente à sua casa, em Buenos Aires. 

Cristina também disse que vai pedir o afastamento da juíza María Eugenia Capuchetti, que conduz a investigação, a quem acusou de não investigar o que considera evidências sobre o envolvimento do adversário político no caso. Milman tem negado reiteradamente qualquer participação no atentado e acusa kirchneristas de uma "operação suja" contra ele.

Em um vídeo de aproximadamente três minutos publicado no Twitter na manhã desta quinta (10), a vice-presidente argentina detalhou o suposto envolvimento de Milman no caso. Assista:

De acordo com a narrativa apresentada pela peça audiovisual — produzida com locução profissional em off e letreiros animados —, uma testemunha teria se apresentado à juíza Capuchetti dias após o atentado para dar informações sobre uma conversa que teria ouvido entre o deputado argentino e duas assessoras, em um bar próximo ao Congresso.

"Declarou [a testemunha] que, dois dias antes do atentado, no bar Casablanca, na esquina do Congresso Nacional, escutou o deputado Gerardo Milman dizer a duas mulheres que o acompanhavam, o seguinte: 'quando a matarem, eu vou estar a caminho da Costa'", diz o vídeo, acrescentando que teria se comprovado judicialmente que tanto a testemunha quanto Milman e as mulheres estariam no bar no dia e horário indicado e que o político teria viajado no dia seguinte para o litoral.

Relação com Sabag Montiel

O vídeo continua afirmando que as duas assessoras mencionadas pela testemunha — uma delas, posteriormente, identificada como Carolina Gómez Mónaco, ex-miss Argentina nomeada por Milman como diretora da Escola de Inteligência Criminal da República Argentina em 2017 — foram citadas e, inicialmente, negaram qualquer reunião com o deputado no local e na data indicada, até serem apresentadas a vídeos que mostrariam todos entrando no local.

Carolina também seria sócia da apresentadora de TV María Mroue, que trabalha na emissora onde Sabag Montiel e a namorada, Brenda Uliarte, apareceram em entrevistas antes do ataque.

"Embora tenham começado [as assessoras] suas declarações sob juramento mentindo, a juíza Capuchetti não tomou nenhuma medida para seguir investigando. Milman ainda não foi intimado para depor no caso", afirma o vídeo.

Na mesma publicação em que compartilha o vídeo, Kirchner afirmou que instruiu seus advogados a pedirem o afastamento da juíza do caso. "Quero compartilhar com vocês o seguinte vídeo. Como resultado dos eventos que você vai ver e ouvir, instruí meus advogados a recusar a juíza María Eugenia Capuchetti".

O atentado

Na noite de 1º de setembro, quando Cristina Kirchner chegava em sua casa, no bairro Recoleta, e conversava com militantes de um movimento político, o brasileiro Sabag Montiel, de 35 anos, apontou uma pistola semiautomática contra a vice-presidente e puxou o gatilho. Contudo, a arma, que estava carregada, não disparou.

Investigações apontam que Montiel teve cúmplices que o motivaram e o ajudaram a planejar o atentado. O brasileiro e sua namorada, Brenda, já foram processados por tentativa de homicídio. No entanto, o caso ainda não foi elucidado.