Duas doses de AstraZeneca ou Pfizer não induzem anticorpos suficientes contra Ômicron, diz pesquisa

Estudo da Oxford ainda não foi revisada por pares

Um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, indica que apenas duas doses das vacinas Oxford-AstraZeneca ou da Pfizer-BioNTech induzem poucos anticorpos neutralizantes contra a variante Ômicron do coronavírus. 

A pesquisa foi publicada, no sábado (11), no servidor de pré-impressão MedRxiv e ainda não foi revisada por pares. Ou seja, não foi avaliada por outros cientistas e não deve ser usada para orientar a prática clínica.  

O estudo analisa o impacto da variante Ômicron em uma das respostas imunológicas geradas pela vacinação. 

Para o levantamento, foram utilizadas amostras de sangue de pessoas que haviam recebido duas doses das vacinas Oxford-AstraZeneca ou Pfizer-BioNTech como parte do estudo Com-COV (que avalia diferentes combinações de imunizantes) e um isolado de vírus vivo.

No experimento, observaram uma diminuição nos chamados títulos de neutralização — uma medida do nível de anticorpos neutralizantes gerados em respostas à vacinação contra a Covid-19.

O professor Matthew Snape, de Pediatria e Vacinologia da Universidade de Oxford e co-autor do estudo, destaca que esses dados são importantes, mas são apenas uma parte da imagem. 

"Eles só examinam os anticorpos neutralizantes após a segunda dose, mas não nos falam sobre a imunidade celular, e isso também será testado em amostras armazenadas assim que os testes estiverem disponíveis", aponta.

"É importante ressaltar que ainda não avaliamos o impacto de uma 'terceira dose' de reforço, que sabemos que aumenta significativamente as concentrações de anticorpos, e é provável que isso leve a uma maior potência contra a variante Omicron", enfatiza. 

No último dia 8, contudo, a fabricante informou que a vacina desenvolvida pela Pfizer, em parceria com a BioNTech, é "eficaz" contra a variante Ômicron após "três doses".

O que o estudo mostrou

Segundo pesquisadores, o estudo mostrou que a variante Ômicron tem potencial de levar a uma nova onda de infecções, inclusive entre as pessoas já vacinadas. Eles ponderam, contudo, que, atualmente, não há evidência de aumento do potencial de causar infecções graves doenças, hospitalizações ou mortes em populações imunizadas.

Além disso, é comprovada a melhora da eficácia com dose de reforço. 

Segundo o professor Gavin Screaton, chefe da Divisão de Ciências Médicas da Universidade e principal autor do artigo, esses dados ajudarão aqueles que estão desenvolvendo vacinas e estratégias de vacinação a determinar as rotas para melhor proteger suas populações.

Além de transmitir a mensagem de que aqueles que recebem a vacinação de reforço devem tomá-la, diz. 

"Embora não haja evidências de aumento do risco de doença grave ou morte do vírus entre as populações vacinadas, devemos permanecer cautelosos, pois o maior número de casos ainda representará um fardo considerável para os sistemas de saúde", observa.

Vacinação é crucial, reforça estudo
 

Teresa Lambe, professora de vacinologia da Universidade de Oxford e também autora do artigo, frisou que a vacinação induz muitos braços do sistema imunológico, incluindo anticorpos neutralizantes e células T.

"Os dados de eficácia do mundo real nos mostraram que as vacinas continuam a proteger contra doenças graves com variantes anteriores preocupantes. A melhor maneira de nos proteger no futuro nesta pandemia é colocar vacinas nas armas", afirma.