A planta Tribulus terrestris é popularmente utilizada há muito tempo na medicina tradicional indiana e chinesa como tônico, afrodisíaco, bem como para o tratamento de diversas doenças.
As principais pesquisas farmacológicas sobre a planta têm sido focadas em distúrbios sexuais, mas outros efeitos importantes têm sido demonstrados para o controle da glicemia, inflamação, além da ação antioxidante e antibacteriana, destaca a farmacêutica Kellen Miranda Sá*.
Pra que serve?
Estudos científicos apontam que a planta pode ser uma aliada no tratamento da hipertensão, na atividade diurética e cardioprotetora, e na prevenção da perda muscular.
A Tribulus terrestris tem grandes potencialidades no tratamento da disfunção sexual e outros sintomas relacionados à menopausa. Contudo, não existe ainda um consenso científico a respeito. Na Europa, ela foi utilizada como estimulante sexual e para tratamento da impotência durante vários séculos.
Conheça a seguir os principais benefícios, riscos e forma de consumo da planta.
Quais os benefícios
Tratamento da hipertensão essencial leve a moderada
A planta inteira quanto os frutos têm ação significativa na redução dos sintomas clínicos.
Prevenção de perda muscular
Em um estudo realizado em boxeadores do sexo masculino com a administração de um suplemento de Tribulus terrestris (com mais de 40% de saponinas), os autores sugeriram que um possível mecanismo de ação para os compostos Tribulus terrestris poderia estar relacionado ao fator de crescimento.
Essa ação seria semelhante a um hormônio que mostrou a capacidade de elevar os músculos esqueléticos e prevenir a perda de massa muscular relacionada à idade.
Climatério
Estudos científicos relataram que as mulheres que usaram o Tribulus terrestris tiveram melhora significativa nos sintomas como lubrificação vaginal e sensação nos genitais durante a relação sexual. Encontrou-se um aumento significativo na testosterona livre e biodisponível após o uso da planta.
Combate à disfunção erétil leve a moderada e/ou baixa libido
Um ensaio clínico realizado em grupos paralelos em 10 hospitais na Bulgária com um medicamento à base de Tribulus terrestris verificou que os pacientes afetados por disfunção erétil leve a moderada e/ou baixa libido podem se beneficiar significativamente da terapia oral, sem alterações significativas nos resultados dos exames laboratoriais bioquímicos.
A especialista ressalta, no entanto, que os resultados desse estudo não devem ser extrapolados diretamente para outras preparações da planta, obtidas de outras regiões do mundo e contendo diferentes saponinas.
Além dos benefícios citados, a planta também tem destaque como:
- Atividade diurética (poupadora de potássio);
- Atividade anti-hiperlipidêmica (controle do colesterol);
- Atividade cardioprotetora.
Malefícios ou contraindicações
- Estudos toxicológicos, embora limitados, destacaram o risco de toxicidade renal após a administração de suplementos de Tribulus terrestris;
- Diarreia, nervosismo, tonturas, náuseas e indisposições estomacais, que usualmente podem ser evitadas consumindo os produtos junto com o almoço, o jantar ou outra refeição;
- O extrato de Tribulus terrestris contém fitoestrógeno. O produto do metabolismo do fitoestrógeno tem efeito estrogênico. Assim, pessoas em tratamento para alguns tipos de câncer dependentes de estrogênio ou com antecedentes familiares não devem usar a planta;
- A planta não é recomendada para gestantes e lactantes;
- Pacientes que fazem uso de outros medicamentos e suplementação de proteínas devem fazer avaliação com farmacêutico clínico para averiguar possíveis interações e reações.
Como tomar?
Utiliza-se por via oral, geralmente na forma de cápsulas padronizadas mediante prescrição de profissional de saúde, duas vezes ao dia.
Ganho de massa magra
Diversos praticantes de fisiculturismo usam o Tribulus para restaurar de forma natural os níveis de testosterona no corpo.
Aumenta a testosterona?
Kellen Miranda Sá informa que em um estudo piloto sobre o efeito do Tribulus terrestris no nível sérico de testosterona e na função erétil em homens idosos com deficiência parcial de andrógenos houve uma correlação estatisticamente significativa entre os níveis de testosterona total e livre antes e após o tratamento.
A farmacêutica destaca que há a necessidade de mais estudos clínicos que validem a afirmativa.
Mulheres podem consumir?
Mulheres podem consumir a planta, mas é aconselhável o acompanhamento com profissional de saúde para avaliar os riscos.
É proibido pela Anvisa?
Não. A especialista explica que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite produtos manipulados à base de Tribulus terrestris, desde que sejam atendidas as normativas aplicáveis à manipulação e seus controles (Resolução RDC nº 67/2007), mediante prescrição de profissionais habilitados, ou seja, o medicamento fitoterápico à base dessa planta deverá ser adquirido em farmácias de manipulação, mediante receita individualizada.
"É muito comum encontrarmos no comércio produtos registrados como alimentos contendo alegações terapêuticas, o que é proibido, visto que alegações terapêuticas são específicas para medicamentos sintéticos, medicamentos fitoterápicos, produtos tradicionais fitoterápicos e chás medicinais (todos estes devem ser registrados na Anvisa e seguem critérios rígidos de qualidade)", alerta Kellen.
A especialista também destaca os riscos de utilizar medicamentos não registrados pela Agência. "O consumidor precisa compreender a importância desse controle. É muito arriscado consumir produtos com alegação terapêutica sem registro na Anvisa, principalmente de uma planta como Tribulus terrestris cuja origem, qualidade e padronização são bastante enfatizadas pelos estudos científicos, como fundamentais para a sua ação terapêutica e segurança", finaliza.
*Kellen Miranda Sá possui graduação em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestrado em Políticas Públicas e Gestão do Ensino Superior pela UFC e especialização em Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica; Produtos Naturais de Plantas e Derivados; Administração Hospitalar. É servidora pública (cargo Farmacêutica) lotada no Horto de Plantas Medicinais Prof. Francisco José de Abreu Matos/Laboratório de Produtos Naturais (LPN) da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC).