Um acusado de participar do assassinato da contadora Kaianne Bezerra Lima Chaves, de 35 anos, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), foi solto pela Justiça Estadual, na última quinta-feira (19). Outros dois acusados, inclusive o marido da vítima, seguem presos.
A Vara Única Criminal de Aquiraz acatou um pedido de revogação de prisão preventiva da defesa de Philipe Azevedo de Araújo, 39, ex-servidor terceirizado da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), que estava preso desde 12 de outubro do ano passado. Segundo a Seduc, ele foi demitido após a prisão.
Philipe Araújo foi preso pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) por suspeita de ter conhecimento do plano criminoso que vitimou Kaianne Bezerra e ter apresentado o marido da contadora, Leonardo Nascimento Chaves (apontado como mandante do crime), ao motorista de aplicativos Adriano Andrade Ribeiro (acusado de participar do crime).
Segundo a decisão judicial da última quinta (18), Adriano foi "categórico ao mencionar que não houve participação ou auxílio durante a preparação e execução do crime por parte do Philipe".
"Associado a isso, vislumbro que a soltura do acusado não ocasionará perigo para o regular prosseguimento da ação penal e, sobretudo, pelo fato de não haver indícios suficientes da prática delitiva pelo acusado a revogação da preventiva é medida que se impõe", decidiu a Vara de Aquiraz.
A defesa de Philipe Azevedo de Araújo, representada pelo advogado José Brasilino de Freitas Júnior, sustenta a versão que o cliente passou o contato de Adriano para Leonardo para ele fazer corridas para o colega de trabalho, e que Philipe foi erroneamente apontado como partícipe do crime.
A reportagem apurou que Leonardo Chaves e Adriano Ribeiro continuam presos. Um adolescente, que também é suspeito de participar como executor do crime, já foi sentenciado a 3 anos de internação em centro socioeducativo e segue cumprindo a medida.
Caso teve reviravoltas
A morte de Kaianne, em 26 de agosto deste ano, chegou a ser tratada pela Polícia como um latrocínio (roubo seguido de morte), mas teve a primeira reviravolta: feminicídio, planejado pelo marido da vítima, com o objetivo de conseguir um seguro de vida.
As primeiras investigações apontavam que a contadora foi morta com uma paulada na cabeça. Mas aconteceu outra reviravolta, com a conclusão de um laudo pericial elaborado pela Perícia Forense do Ceará, que atestou que ela foi morta por "asfixia mecânica em decorrência de esganadura".
A Polícia Civil teve acesso a imagens de câmeras de um estacionamento de um shopping, localizado em Aquiraz, que mostraram Leonardo Nascimento Chaves conversando com o motorista de aplicativos Adriano Andrade Ribeiro e um adolescente - que viriam a ser capturados pelo suposto latrocínio - por volta de 20h35 daquela noite de 26 de agosto, poucos minutos antes da morte de Kaianne Bezerra Lima Chaves.
Conforme as investigações policiais, Leonardo foi para casa e simulou o assalto, junto da dupla contratada. O marido de Kaianne simulou que aguava plantas, para os comparsas anunciarem o assalto e invadirem a residência.
Leonardo já tinha deixado separados uma corda - para os "assaltantes" o amarrarem - e um pedaço de pau - para matarem a própria esposa. E ainda pediu para os comparsas o agredirem, para fortalecer a versão do latrocínio.
Após matarem Kaianne, os criminosos roubaram objetos da casa, como TVs, aparelhos celulares, outros aparelhos eletrônicos, bebidas alcoólicas e as alianças do casal. O próprio Leonardo Chaves teria ajudado a colocar os pertences no carro dos comparsas e pago R$ 1.200 para a dupla, com a promessa de dar mais dinheiro após o pagamento do seguro de vida da esposa.