Jair Bolsonaro afirma que questões do Enem 'começam agora a ter a cara do governo'

Declaração do presidente vem após demissão coletiva de servidores do Inep, que organiza a prova

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nessa segunda-feira (15), que, agora, as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) "começam a ter a cara do governo". A declaração vem após diversos servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo exame, realizarem demissão coletiva.

"O que eu considero muito também: começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem", disse Bolsonaro na Expo 2020, em Dubai, conforme o portal G1. "Ninguém precisa ficar preocupado. Aquelas questões absurdas do passado, que caíam tema de redação que não tinha nada a ver com nada. Realmente, algo voltado para o aprendizado".

Segundo a publicação, servidores do Inep relataram ter sofrido pressão psicológica e vigilância velada na formulação da prova deste ano.

A debandada em massa se deu dias depois dos pedidos de exoneração do coordenador-geral de exames para certificação, Eduardo Carvalho, e do coordenador-geral de logística da aplicação, Hélio Junio Rocha Morais

O motivo, de acordo com o grupo, era para questões polêmicas, que eventualmente incomodariam o governo Bolsonaro, serem evitadas.

Parte dos 37 servidores públicos que entregaram os cargos conversou com o programa Fantástico, da TV Globo. O grupo detalhou tentativas de interferência no conteúdo das provas e situações de intimidação, além de ter acusado o presidente do órgão, Danilo Dupas, de despreparo.

Posição de Bolsonaro

Sobre as saídas dos servidores, Bolsonaro afirmou, em Dubai, ter conversado "muito rapidamente" com o ministro da Educação, Milton Ribeiro. "Seria bom vocês conversarem com eles, o que levou àquelas demissões. Não quero entrar em detalhes, mas é um absurdo o que se gastava com poucas pessoas lá. Um absurdo, tá?", disse.

O presidente classificou o titular da Pasta como uma "pessoa séria", e a situação como "inadmissível". "Ele [Milton Ribeiro] mandou mensagem para mim agora há pouco, diz que a prova do Enem vai correr na mais absoluta tranquilidade", ressaltou.

Ainda segundo o G1, as queixas dos servidores foram levadas a deputados da Frente Parlamentar de Educação. Os políticos pretendem pôr em votação, na semana que vem, um pedido de audiência pública para os fatos serem detalhados na Comissão de Educação da Câmara.

Após o pedido coletivo de exoneração, Danilo Dupas foi convocado na Comissão para explicar o assunto. Ele, porém, destacou que gostaria de tratar a questão internamente.

Enem ocorre já a partir deste domingo

O Enem, marcado para os próximos dois domingos, 21 e 28 de novembro, é elaborado todos os anos. As 180 questões do exame são retiradas do Banco Nacional de Itens, formado por milhares de questões redigidas por professores escolhidos por meio de edital.

A equipe técnica do Inep escolhe as 180 questões considerando o nível de dificuldade adequado a cada edição. 

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