Nas últimas horas como governador do Ceará, Camilo Santana (PT) bateu o martelo de que a maior dificuldade que enfrentou na segurança pública foi a "torcida contra". Sem citar nomes, ele comentou sobre pessoas que "sempre agiram de forma a desarticular e desorganizar (a área), estimulando motins de forma desonesta e desnecessária".
A declaração foi feita na manhã desta sexta-feira (1º), na inauguração da primeira etapa do Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), que deve abrigar sedes administrativas da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
No último dia 10 de março, em outro evento da segurança pública, quando questionado sobre as críticas da oposição à área, Camilo acusou diretamente seu adversário político, o pré-candidato ao Governo, Capitão Wagner (União Brasil), de ter liderado os motins que aconteceram em janeiro de 2020 no Estado.
"Qual a sugestão dele para a segurança pública, sabe alguma? A única contribuição que ele deu foi fazer dois motins e prejudicar a segurança pública no Ceará", disparou, à época, o petista. Desta vez, Camilo não falou o nome de Wagner, mas voltou a dizer que, ao longo de sua gestão, a oposição não teria contribuído com sugestões para a melhoria do Estado e que, na verdade, teria torcido para "quanto pior, melhor".
Sempre digo que oposição é importante existir. Para fazer as reflexões, críticas, mas, também, para fazer sugestões, colaborar. Acho que esse é o espírito da boa política. (...) Nós, independentemente de partido político, de ideologia, temos que estar juntos para defender o nosso Estado e a população. Eu e Izolda (Cela, vice-governadora) reconhecemos quando precisamos recuperar algo ou corrigir alguma rota, algum rumo, isso é importante. Nós sempre dialogamos, ouvimos as pessoas e as instituições".
A segurança pública, como em outros pleitos, deverá ser um dos focos da disputa eleitoral de 2022. Desde o episódio das críticas de Camilo, neste mês, Capitão Wagner tem reforçado slogan de pré-campanha voltado ao tema. No episódio do ataque de Camilo, o pré-candidato chegou a dizer que o governador tentava "transferir responsabilidades".
Entrave com Governo Federal
Dentre as outras dificuldades da área, Camilo citou o enfrentamento ao tráfico de drogas, que, em seu entendimento, deve ser feito pelo Governo Federal.
"O problema da segurança pública ultrapassou os limites dos estados, precisa ter uma coordenação nacional. A violência se dá por uma coisa chamada tráfico de drogas. O Brasil não é produtor de droga. A droga entra pelas fronteiras e a responsabilidade de proteger as fronteiras é, sim, do Governo Federal", afirmou o governador.