O ano mal começou e já são seis os pré-candidatos "oficiais" a presidente da República em 2022. O mais recente é Ciro Gomes, do PDT, cujo evento que reforça o compromisso com uma possível candidatura acontece nesta sexta-feira (21). A "oficialização" de pré-candidaturas mostra que a corrida agora é por manter a preferência nas siglas antes de disputar de fato o sucesso nas urnas.
Além dele, também são "oficiais" os pré-candidatos Simone Tebet, do MDB; Sérgio Moro, do Podemos, André Janones, do Avante, e Felipe D'Avila, do Novo.
Para as eleições deste ano, teve até mesmo oficialização de candidato a pré-candidato, como aconteceu nas prévias do PSDB que elegeram o governador de São Paulo, João Dória, como pré-candidato a presidente.
A eleição de 2022 é a segunda para presidente da República, no Brasil, desde que existe a figura oficial do "pré-candidato". Até 2014, antes da Reforma Política de 2015, não se podia fazer menção à futura candidatura antes do início do período de propaganda eleitoral, sob risco de ser penalizado por propaganda antecipada.
A preocupação agora se mostra outra: o foco é atrair atenção para os nomes que são pouco conhecidos, como Felipe D'Ávila, ou ameaçados de se manterem na disputa, como é o caso do ex-ministro Ciro Gomes - que já chegou ele mesmo a suspender a pré-candidatura, quando nem "oficial" ela era ainda.
Em um cenário de polarização entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), primeiro e segundo colocados, respectivamente, nas pesquisas de intenção de voto; mostrar-se ao eleitorado e, especialmente, aos partidos que podem se tornar aliados em tão difícil disputa de alianças tem cobrado cada vez mais estratégia de acenos e exposições das siglas que se propõem a ter cabeça de chapa.
Antecipação
O evento do PDT acontece dois meses antes do que o anúncio da pré-candidatura de Ciro em 2018, em março. Em janeiro daquele ano, quem lançou candidatura foi o ex-presidente Lula, do PT, já ameaçado em se manter no pleito por ter o registro barrado pela Justiça Eleitoral, com base na Lei da Ficha Limpa.
No embalo de espetáculos pré-eleitorais, em novembro, a filiação de Sérgio Moro ao Podemos teve ampla mobilização midiática, com distribuição de adesivos com slogan em tom de campanha, que jogou o ex-juiz no centro do debate dos candidatos que se colocam como terceira via.
O mesmo aconteceu com a filiação de Bolsonaro ao Partido Libertal no final de novembro, com grandes faixas com mensagens pró-Bolsonaro, em clima de campanha, colocadas no auditório do evento.
Ainda em janeiro, o PL deve oficializar a pré-candidatura de Jair Bolsonaro também. De acordo com o site Poder 360, a convocação para a convenção da sigla em 29 de janeiro foi distribuída a congressistas e dirigentes do partido na quarta-feira (19).
O PT também avalia antecipar a "oficialização" da pré-candidatura de Lula de março para fevereiro, coincidindo com o aniversário de 42 do Partido dos Trabalhadores.
Objetivamente, de acordo com as regras eleitorais, oficializar uma pré-candidatura em nada altera o posicionamento das figuras anunciadas. O movimento é principalmente voltado para as articulações partidárias e para gerar engajamento entre apoiadores e o eleitorado em geral.
Oficial ou não, qualquer pessoa que se diga pré-candidata está sujeita aos riscos de desrespeitar as mesmas regras eleitorais: é proibido o uso de número do partido e o "pedido explícito de votos", que pode ser tanto um clássico "vote em mim", como o uso de expressões que sematicamente também revelem esse pedido, ainda que de forma implícita.
A corrida que, antes, era pelo sucesso no resultado das urnas , agora é por quem de fato vai chegar com força partidária até agosto, quando devem ser oficializadas as candidaturas.