Próximas tarefas após dias histórico

O Brasil viveu, ontem, um dia histórico. Após semanas assistindo ao início da vacinação contra a Covid-19 em outros países do mundo, os brasileiros receberam a notícia de que, com o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a aprovação do uso emergencial de dois imunizantes dá, finalmente, sinal verde para o início da execução do Plano Nacional de Imunização.

O dia histórico, porém, foi também dia de mais um episódio de conflito político entre o Governo Bolsonaro e o Governo Doria - este responsável pela vacinação da enfermeira Mônica Calazans, a primeira pessoa a ser vacinada no Brasil. A disputa política em torno do combate ao novo coronavírus — em um embate recorrente com contornos federativos, ideológicos e eleitorais — esteve clara nas trocas de farpas durante as entrevistas concedidas simultaneamente pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em Brasília, e pelo governador de São Paulo, João Doria, em São Paulo. 

Embates

O auxiliar do presidente Jair Bolsonaro falou em jogada de marketing e em quebra de pactuação na investida do adversário político, enquanto Doria exaltou a ciência e criticou o negacionismo e as fake news quanto à pandemia, promovidos por “aqueles que flertam com a morte”. Também foi duro ao dizer que Pazuello faltava com a verdade ao dizer que há recursos federais na aquisição das primeiras doses da Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo.

A politização que impregna as narrativas em disputa apequena o momento, mas é fato que o Governo paulista fez o “dever de casa” de maneira mais rápida e eficiente, com a garantia de seis milhões de doses a serem distribuídas aos estados brasileiros a partir de hoje.

Enquanto ao Governo Federal ainda cabe a urgente missão de trazer da Índia os outros dois milhões de doses da vacina de Oxford em parceria com a AstraZeneca nos próximos dias. 

Próximas tarefas

Para se recuperar do baque político sofrido ontem, a partir de agora o Governo Bolsonaro é colocado à prova em duas tarefas: na de assegurar logística para que as vacinas cheguem o mais rápido possível aos brasileiros em todos os estados, inclusive a partir de uma revisão do planejamento da imunização em massa, necessária diante de limitações que ainda existem, e ainda na de ampliar o acesso da população aos imunizantes aprovados, buscando sem demora que mais doses estejam disponíveis no Brasil.

A ver como será o diálogo com governadores e prefeitos, cujas mobilizações foram fundamentais para que a vacinação, prestes a começar, não demorasse ainda mais. Estados e municípios, claro, também têm pela frente o desafio complexo de executar planos estaduais e municipais com muitos sistemas de saúde sob pressão. 

Preparação no Ceará

O governador Camilo Santana (PT) está em São Paulo para acompanhar, hoje, a liberação do primeiro lote de vacinas para o Ceará. O planejamento estadual, discutido ainda ontem em reunião emergencial da Secretaria da Saúde, inclui a garantia de seringas, agulhas e câmaras refrigeradoras para acondicionamento das doses e, ainda, o esquema de distribuição aos municípios.

Já em Fortaleza, o prefeito Sarto Nogueira (PDT), que também viajou a São Paulo ainda ontem, afirmou, na última semana, que a Capital está em condições de iniciar a imunização dos grupos de risco contemplados na fase 1. A depender da demanda, além das unidades de saúde, outros espaços do Município, como escolas e arenas esportivas, poderão ser utilizados como locais de vacinação. O Governo do Estado estima que o Ceará deve receber doses para cerca de 109 mil pessoas.

*Equipe de Política redigiu a coluna.