Estudo aponta que hidroxicloroquina é ineficaz contra coronavírus

Os cientistas analisaram os registros médicos de 368 veteranos hospitalizados em todo o país que morreram ou receberam alta até 11 de abril

Escrito por AFP ,
Legenda: Pesquisas anteriores descobriram que a droga é arriscada para pacientes com certos problemas de arritmia e pode causar desmaios, convulsões ou, às vezes, parada cardíaca neste grupo
Foto: AFP

A hidroxicloroquina, um medicamento utilizado contra a malária e amplamente promovido pelo presidente Jair Bolsonaro como uma possível cura para a Covid-19, não mostrou eficácia contra a doença no tratamento padrão. Além disso, sua utilização esteve associada a mais mortes, segundo os resultados divulgados nesta terça-feira (22) do maior estudo desse tipo já relatado.  

A análise do governo dos Estados Unidos sobre tratamentos com hidroxicloroquina em militares veteranos do país foi publicada no site do “New England Journal of Medicine”, e ainda não foi revisada por outros pesquisadores. 

Esse experimento teve várias limitações importantes, mas aumenta um conjunto crescente de dúvidas sobre a eficácia desse medicamento, que tem também o presidente estadunidense, Donald Trump, e o canal Fox News entre seus principais patrocinadores. 

Os cientistas analisaram os registros médicos de 368 veteranos hospitalizados em todo o país que morreram ou receberam alta até 11 de abril. 

As taxas de mortalidade dos pacientes que receberam hidroxicloroquina foram de 28%, em comparação aos 22% dos tratados com a droga combinada com o antibiótico azitromicina, uma solução divulgada pelo cientista francês Didier Raoult, cujo estudo sobre o assunto, em março, levou a um aumento na interesse mundial pelo medicamento. 

A taxa de mortalidade para aqueles que receberam apenas atendimento padrão foi de 11%. 

A hidroxicloroquina, com ou sem azitromicina, era mais provável de ser prescrita para pacientes com condições mais graves, mas os autores do estudo descobriram que o aumento da mortalidade persistia mesmo após o ajuste estatístico das taxas de uso. 

Pesquisas anteriores descobriram que a droga é arriscada para pacientes com certos problemas de arritmia e pode causar desmaios, convulsões ou, às vezes, parada cardíaca neste grupo. 

Os Estados Unidos são, hoje, o epicentro global da pandemia de coronavírus, com mais de 44.800 mortos e mais de 820.000 infectados.

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