Quais os impactos do retorno às aulas sem a vacinação de crianças contra Covid-19 no Ceará

Sem data definida para o início da imunização do público de 5 a 11 anos, retorno à sala de aula deve acontecer com medidas de contenção da doença

O calendário de 2022 aponta o retorno de crianças às salas de aula para os meses de janeiro e fevereiro no Ceará, mas a imunização desse público contra a Covid-19 ainda não foi definida na agenda. Em meio ao crescimento de casos de sintomas gripais entre os pequenos, a vacina pode evitar quadros graves e conter a transmissão escola-casa.

“As crianças não contribuem com parcela significativa dos óbitos, mas ainda assim isso pode acontecer em alguns indivíduos. Devido ao vírus ter uma alta transmissibilidade, ele pode esbarrar com alguma criança que tenha uma condição clínica desfavorável”, analisa Caroline Gurgel, virologista, epidemiologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).

O ano letivo das escolas de ensino infantil e fundamental da rede pública da Capital devem começar no dia 1º de fevereiro. A Secretaria Municipal da Educação (SME) informou que o retorno iniciado em setembro, de forma escalonada, alcançou a capacidade integral das escolas em um sistema de rodízio semanal.

“Conforme plano de retomada, os alunos contam com aulas presenciais em uma semana, com grupos que representam 50% do quantitativo da turma, e na posterior com a realização de atividades domiciliares”, detalhou a Pasta. A SME acrescentou que estimula as famílias para o cadastro dos filhos no Saúde Digital.

As escolas particulares devem começar o ano letivo a partir do dia 18 de janeiro de 2022, conforme o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe-CE). “Prevalecem os requisitos do Protocolo Setorial 18 (atividades educacionais), bem como as normas publicadas nos decretos sobre o assunto Covid-19”, informou por nota.

Imunizar os pequenos pode reduzir a possibilidade de transmissão da infecção entre estudantes e familiares, como explica Edson Teixeira, imunologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Nós sabemos que as crianças normalmente não desenvolvem casos graves, entretanto, são fontes de transmissão. Então, seria muito importante que se avançasse no processo de vacinação dessas crianças de 5 a 11 anos para que o retorno das aulas fosse mais tranquilo
Edson Teixeira
Imunologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC)

O aumento de casos de gripe ao mesmo tempo em que cresce a infecção pelo coronavírus é considerado preocupante pelo especialista.

"Como todos estamos preocupados com a Covid há também uma busca por esses exames para que se defina afinal de contas qual é a doença. Inclusive se não são as duas doenças ao mesmo tempo, que também é possível", destaca.

Essa possibilidade, inclusive, está prevista para a realidade do início do próximo ano, como explica Caroline Gurgel.

A previsão para o próximo mês é que a gente vai ter uma explosão de casos e coinfecção de gripe e Covid. A influenza já é comum que circule nessa época do ano, começa no final de dezembro e em março cai. Em relação à Covid, a gente tem uma elevação no número de casos em fevereiro e um pico de atividade no mês de março e abril e começa a cair no mês de junho
Caroline Gurgel
Virologista, epidemiologista e professora da Faculdade de Medicina da UFC

O isolamento em casos de infecção viral é a medida mais eficiente e "os pais devem ter consciencia de que seus filho, ao apresentar qualquer sintoma respiratório, devem manter as crianças em casa", como frisa a especialista. Caroline, no entanto, pondera a dificuldade de quem cuida de crianças para manter às restrições pela necessidade de sair de casa.

Edson lembra que as medidas preventivas são as mesmas para as duas doenças. "Em relação ao distanciamento na sala de aula, com relação ao uso de máscaras durante todo o período e também com o uso do álcool, que tanto serve para desestruturar o vírus tanto da influenza quanto o vírus da Covid-19".

Como será a vacinação das crianças?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o imunizante da Pfizer para as crianças entre 5 e 11 anos no dia 16 de dezembro. Para esse público, a aplicação será de duas doses de 0,2 mL com pelo menos 21 dias de intervalo.

O Ceará aguarda o repasse do Ministério da Saúde, responsável pela aquisição e distribuição da vacina contra a Covid-19 aos estados, para iniciar a imunização das crianças. No Estado não deve ser exigida prescrição médica, como o ministro da Saúde sugeriu, para vacinar os pequenos.

Quando começar a aplicação para as crianças, ainda sem data definida, cerca de 904 mil cearenses de 5 a 11 anos poderão receber o imunizante. Esse número é uma projeção de 2021 com base nos dados da Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Desde a autorização da Anvisa, no último dia 16, o Ceará disponibilizou o cadastro para a vacinação de crianças. Desde então, 108.446 cearenses com até 11 anos foram inscritos para receber as doses - o que corresponde a cerca de 12%.

a proteção contra o vírus da gripe está disponível nas unidades de saúde de Fortaleza. O imunizante protege contra duas cepas da Influenza A (H1N1 e H3N2) e uma cepa da Influenza B e pode ser aplicada a partir dos seis meses de vida. A nova variante da H3N2, no entanto, ainda não é combatida pela formulação atual.

A vacinação contra a gripe acontece no Centro de Eventos, Shoppings Iguatemi, RioMar Kennedy, RioMar Fortaleza e no Sesi da Parangaba, conforme a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). A aplicação acontece “até o encerramento do estoque” do imunizante.

Rotina alterada pela pandemia

Em março próximo a comunidade escolar completa dois anos de estudos com as restrições da pandemia.

“Nosso desafio para 2022 é iniciar o ano reforçando essas campanhas para seguir os protocolos de higiene sanitário que já são do conhecimento de todos”, destaca Alessio Costa, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) no Nordeste.

Também dirigente municipal da educação em Ibaretama, Alessio acompanha a preparação das escolas públicas cearenses para o retorno no próximo ano.

“Uma boa parte dos municípios aqui no Ceará retomaram as atividades presenciais já no início de agosto. Então, essas redes de certa forma já passaram esse segundo semestre convivendo a questão da ambientação para as crianças e adolescentes a esses protocolos de segurança”, observa.

Cada município possui autonomia para definir o retorno às atividades letivas, mas “pelo que a gente acompanha do planejamento, todos se preparam para retomar as aulas presenciais na primeira semana de fevereiro”, como detalha.

A gente já está no segundo ano de pandemia, o Ceará, como outros estados da região Nordeste, demoraram para o retorno das atividades presenciais, mas a gente tem o amadurecimento da discussão dos protocolos de segurança
Alessio Costa
Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime)

O aumento de casos em outros países serve como alerta para os profissionais de saúde, como analisa Alessio. Assim, há reforço para “não compartilhamento de objetos, copos, cuidado no uso dos banheiros, higienização das mãos na lavagem e com álcool em gel”.

Importância do retorno seguro

Marcelle Lino, de 36 anos, vê como necessário o retorno presencial da filha Maria Ester, de 6 anos, ao colégio no dia 31 de janeiro.

“Eu sou professora também e vejo também o lado psicológico das crianças, que tem sido muito afetado. As crianças têm medo de muita coisa, de fazer prova, tudo assusta. Não só o comportamento deles (é prejudicado), mas também o aprendizado”, pondera.

Para garantir a saúde da pequena, Marcelle dá ênfase nas medidas de prevenção com resultado positivo. “Eu tenho cuidado para o uso da máscara, do álcool em gel, da alimentação dela e de evitar aglomeração mesmo. Ela terminou um ano agora e graças a Deus não adoeceu”.

Maria Ester vai à escola desde os dois anos e entrou no ensino remoto com o início da pandemia. Os estudos passaram a ser presenciais desde agosto e agora a menina está em período de férias.

“Ninguém sabe como vai ser, dá aquele medo, mas penso no todo”, comenta Marcelle Lino sobre o retorno. Ela e o esposo já estão imunizados e a próxima a receber a proteção na casa será a Maria Ester ainda a ser cadastrada na plataforma do Saúde Digital.

PASSO A PASSO PARA CADASTRO NO SAÚDE DIGITAL

  1. Acesse o site Saúde Digital
  2. Selecione a opção "Ainda não tenho cadastro"
  3. Identifique-se preenchendo corretamente seus dados
  4. Nesta etapa do cadastro, deve ser informado se a pessoa está acamada, se tem alguma comorbidade e profissão. 
  5. Confirme seus dados e crie uma senha de acesso ao cadastro
  6. Finalize o cadastro e aguarde seu agendamento.
  7. Em Fortaleza, é possível acompanhar a lista de agendados no site. Os nomes são divulgados diariamente.

E-MAIL DE CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO NÃO CHEGOU

Nesse caso cheque todas as caixas do seu e-mail como "spam" e "lixeira". Caso não encontre a mensagem, a Sesa disponibiliza o telefone gratuito 0800 275 1475 para questionamentos sobre o cadastro.

No site da Sesa e do Governo do Ceará está disponível também o assistente virtual "Plantão Coronavírus". 

Caso a dúvida seja relacionada à imunização em Fortaleza, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) tem o número 156.

COMO ACESSAR O CADASTRO DE VACINAÇÃO? 

Quem deseja acessar o seu cadastro deve entrar na plataforma Saúde Digital e clicar em "Já tenho cadastro". O acesso é feito com o CPF e a senha criada no ato do cadastramento. 

ALTERAÇÕES NO CADASTRO

Para quem vai se vacinar, é permitido mudar somente o número de telefone fornecido após a conclusão do cadastro.

Já para as gestões municipais, é possível criar e alterar perfil para vacinadores e a liberação de agendadas por comorbidade.