A rede de policlínicas, hospitais e unidades de atendimento especializado da Secretaria da Saúde (Sesa) deve ganhar um importante reforço com a finalização das obras do Hospital Universitário do Ceará (HUCE), previstas para o fim do ano que vem. De acordo com o Governo, este será o maior hospital público do Estado.
Localizado no campus da Universidade Estadual do Ceará (Uece), no bairro Itaperi, em Fortaleza, o equipamento vai ofertar atendimento à população em todas as especialidades médicas, incluindo fisioterapia, cardiologia, neurologia, pediatria, odontologia, etc. E funcionará como nova sede para o Hospital César Cals, totalizando 654 leitos, sendo 184 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 470 de internação geral.
De acordo com o reitor da Uece, o professor Hidelbrando Soares, o hospital representa uma "reconfiguração" da universidade que engloba, inclusive, uma reformulação dos currículos dos cursos da área de saúde. "Todas [as áreas] serão impactadas por esse processo de modernização", afirma, projetando o desenvolvimento, no campus do Itaperi, de um "polo científico e tecnológico de inovação".
Soares acrescenta que, sem o equipamento, a Uece já tem significativa presença em ensino e pesquisa no Norte e Nordeste, tendo pelo menos 110 ativos no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi), a maior parte nas áreas de saúde animal e saúde humana. "O hospital vem para, efetivamente, dar à Uece um novo patamar acadêmico", comemora.
O complexo hospitalar, para o qual foram investidos R$ 274,7 milhões, está sendo construído no terreno da Uece, em uma área de 79,5 mil metros quadrados (m²), desde janeiro deste ano. No local, será erguido um edifício principal de três torres (clínica, cirúrgica e materno-infantil), com seis pavimentos integrados a ambientes distintos, onde haverá enfermarias pediátricas e adultas, ambulatórios, área de exames e laboratórios, consultórios médicos e odontológicos, dentre outros. Confira abaixo como será a estrutura geral do HUCE.
Mudança no sistema assistencial
Além de ampliar a rede de atendimento médico-hospitalar, dando suporte a outros hospitais da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e hospitais regionais do Estado, o HUCE também vai contribuir com a formação acadêmica de alunos da área da saúde na Uece.
De acordo com o secretário da Saúde do Ceará, Dr. Cabeto, essa pode ser considerada “uma das obras da Saúde mais importantes” do Estado, pois integra o sistema de saúde ao sistema de ensino.
“É a produção de ciência. Aumenta a acessibilidade para uma grande parte dos cearenses. Esse é o maior hospital do Ceará, todo de alta tecnologia, com emergências. É um hospital que vai mudar todo o sistema assistencial de Fortaleza e do Estado”, projeta o secretário.
Na opinião de Dr. Cabeto, o modelo de assistência médico-hospitalar do HUCE vem alterar "completamente o paradigma da saúde" no Estado. Sobretudo neste momento em que o Governo lança, paralelamente, o concurso público para a contratação de 6 mil profissionais da área. "Outro paradigma junto com esse [hospital], que marcam o modelo da modernização da saúde no Estado do Ceará".
Hospital universitário no Sertão Central
Seguindo o projeto de modernização da saúde no Ceará, Hidelbrando Soares, reitor da Uece, adiantou que a universidade está em negociação com o Governo do Estado para assumir a coordenação de ensino e pesquisa do Hospital Regional do Sertão Central, situado em Quixeramobim.
A ideia, segundo o reitor, é interiorizar a oferta de cursos de graduação na área da saúde e ampliar a pesquisa científica da universidade com a abertura de um campus no local. "Já temos a autorização para a constituição do projeto pedagógico. [...] Queremos chegar até o fim do ano com tudo aprovado", afirma, acrescentando que, para a Uece, isso é "um marco histórico".
Saúde e conhecimento enriquecidos
Para a estudante do curso de Enfermagem da Uece, Lívia Lopes, de 23 anos, a implantação do hospital dentro da universidade deve favorecer não somente a formação acadêmica dos alunos, como também a população, que poderá ter acesso a uma série de serviços de saúde.
“O Hospital Universitário vai muito mais além do que oferecer uma assistência médica porque permite que o aluno desenvolva e enriqueça muito tudo aquilo que ele aprende dentro da universidade. E ali, no Itaperi, existem muitas comunidades carentes e moradores rua. Acredito que essas pessoas poderão ser melhor assistidas pelo hospital”.
Lívia está cursando o sexto semestre de Enfermagem e pretende estagiar no novo empreendimento. Além da assistência à população, ela avalia que o novo hospital tende a estimular o desenvolvimento de pesquisas, beneficiando toda a comunidade acadêmica.
“Acredito que vai ser muito bom para dar continuidade a esse conhecimento que os alunos recebem na universidade. E a gente ainda vai ter a oportunidade de estagiar ‘em casa’”, diz, satisfeita.
Veja como será a estrutura geral do HUCE:
- Centros cirúrgico e obstétrico;
- Leitos de apoio e observação;
- Serviços de terapia intensiva (neonatologia, pediatria e adulto);
- Serviços de urgência e emergência;
- Serviços de fisioterapia, endoscopia, cardiologia, neurologia, imagem e diagnóstico;
- Enfermarias pediátricas e adultas;
- Ambulatórios, área de exames e laboratórios;
- Consultórios médicos e odontológicos;
- Consultórios de serviço social, psicologia e nutrição;
- Centro de convivência;
- Dois auditórios com 50 lugares cada;
- Área técnica e de ensino;
- Heliponto.
Execução e adaptações
Sob supervisão da Superintendência de Obras Públicas (SOP), o HUCE está com cerca de 10% da obra executada. A projeção é que, nos próximos meses, aproximadamente 600 funcionários trabalhem de forma direta na construção da unidade de saúde, totalmente arcada pelo Tesouro do Estado. Ao todo, foram investidos R$ 274.741.427,37.
Na terça-feira (22), o governador Camilo Santana acompanhou a implantação do primeiro pilar do hospital. Além da execução da obra dentro do terreno pertencente à Uece, também serão realizadas adaptações urbanísticas no entorno do HUCE, com o alargamento das vias de acesso, paisagismo, iluminação, entre outras intervenções. Ainda não há uma data ou mês cravado para a finalização da construção.