'Não temos margem salarial', justifica presidente do Barcelona sobre saída de Messi

Dirigente revelou estar triste, mas acredita que a decisão é o "melhor" para os interesses do clube

O presidente do Barcelona, Joan Laporta afirmou nesta sexta-feira (6) que a prorrogação do contrato do argentino Lionel Messi representaria um risco na atual conjuntura econômica do clube. O motivo do fim da parceria de 20 anos é que "não temos margem salarial, ultrapassamos o limite salarial", justificou Laporta em entrevista coletiva no auditório do Camp Nou. 

"Estou triste, mas acho que fizemos o melhor para os interesses do Barcelona. Chegou um momento no qual em uma negociação você tem que ficar de pé, tem que deixar suas emoções de fora", insistiu o dirigente.

Laporta complementou ainda que "temos uma instituição que está acima de tudo, de jogadores e dirigentes, até do melhor jogador do mundo", lamentou. 

Em sérias dificuldades econômicas e exigido pelo "fair-play" financeiro demandado pela Liga espanhola, o Barça não conseguiu chegar a um acordo com o maior artilheiro de sua história e fez um anúncio que surpreendeu o mundo do futebol na quinta-feira.

Descontentamento de Messi

Messi, de 34 anos, dos quais passou 20 no Barça, não se manifestou, mas Laporta disse que ele "queria ficar e não está contente". 

"Agora ele enfrenta a realidade como nós, e é uma realidade que não pode ser mudada", insistiu, acrescentando que "o Barça é a sua casa". 

O Barcelona anunciou a despedida de Messi com um breve comunicado de três parágrafos, quando se dava como certo que o jogador acabaria renovando por cinco temporadas. 

O jogador havia voltado na noite anterior de suas férias e seu pai teve uma reunião com Laporta.

Mas no meio da tarde surgiram os primeiros rumores na imprensa especializada: algo não ia bem nas negociações, Messi estava se afastando do Barça. E no início da noite, o que parecia incrível veio por escrito. 

"Apesar de ter chegado a um acordo entre o FC Barcelona e Leo Messi e com a clara intenção de ambas as partes de assinarem hoje um novo contrato, este não pôde ser formalizado devido a obstáculos econômicos e estruturais", anunciou o clube em uma breve nota. 

"Nesta situação, Lionel Messi não continuará vinculado ao FC Barcelona", acrescentou o comunicado.

Um golpe econômico e sentimental

A carta que marca o fim de uma era - e que antecipa algumas semanas de loucura no mercado mundial - terminou com um agradecimento ao jogador que mais títulos conquistou com o Barça (35) e que marcou mais gols vestindo a camisa 'azulgrana' (672), desde que um dia, em dezembro de 2000, o menino argentino assinou em um guardanapo de papel. 

Apesar de aliviar as contas no curto prazo, a saída de Messi "é um golpe muito grande" economicamente falando, disse à AFP Plácido Rodríguez Guerrero, diretor da Fundação Observatório Econômico do Esporte e professor de Economia da Universidade de Oviedo (noroeste).

“A repercussão econômica virá de muitos lugares, que ele não está na LaLiga, que ele não está no Barcelona, pelas camisas que vende, pelos gols que marca e lhe permitem ir longe na Champions e faturar mais, pelos muitos patrocinadores que usam a imagem de Messi", acrescentou. 

A despedida partiu o coração dos torcedores do Barcelona. 

"Fico muito triste, ele é o melhor desta equipe e, na minha opinião, deste mundo (...) estou arrasado", lamentou Edison Zaragocín, torcedor do Barça, de 24 anos, do lado de fora do Camp Nou.