Novo arcebispo de Fortaleza cogita nomear “um irmão ou equipe” para realizar exorcismos

Dom Gregório Paixão já serviu por seis anos em ministério ainda cercado de tabus

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Arcebispo considera "uma riqueza" a presença de padres especializados nesse tipo de acolhimento
Foto: Fabiane de Paula

A nomeação de sacerdotes exorcistas para atuar na Arquidiocese de Fortaleza deverá ser estudada pelo novo arcebispo metropolitano, Dom Gregório Paixão, que assume o posto após missa de posse na noite desta sexta-feira (15).

A informação foi dada com exclusividade ao Diário do Nordeste, após a primeira coletiva de imprensa do monge da ordem de São Bento, na Faculdade Católica de Fortaleza. O próprio arcebispo foi designado exorcista durante sua passagem por Salvador, servindo nesse ministério por seis anos. 

Além disso, ao ser transferido para liderar a diocese de Petrópolis, no Rio de Janeiro, ele nomeou mais dois exorcistas, pois esse ministério depende da licença expressa de um bispo diocesano. 

Atualmente, a Arquidiocese de Fortaleza dispõe de apenas três sacerdotes autorizados a lidar com casos suspeitos de possessão, mas nenhum de forma oficial. Em breve, segundo Dom Gregório, isso pode mudar.

“Já temos três irmãos que extraoficialmente fazem esse serviço, mas vamos pensar, juntamente com nossos conselhos, se nomearemos um irmão ou uma equipe para trabalhar como exorcista ou exorcistas da diocese”, pondera o arcebispo.

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Dom Gregório salienta que a Igreja Católica reconhece o ministério do exorcismo, inclusive com a elaboração de um manual próprio para os exorcistas e a nomeação de um exorcista no Vaticano. “É sempre uma riqueza quando a Igreja possui um exorcista porque ele foi preparado, junto a outras tantas pessoas, para acolher alguém que está sofrendo na alma”, afirma.

Porém, o líder religioso lembra que apenas casos “especialíssimos” de possessão demoníaca demandam um exorcismo oficial, por isso a necessidade de se investigar com cautela cada situação. Muitos casos podem ser, por exemplo, problemas psicológicos.

“A experiência nos mostra o quanto é importante essa acolhida, porque às vezes é um sofrimento pessoal. O sacerdote, acolhendo e orientando, geralmente tem a possibilidade de colaborar para a transformação da vida dessa pessoa. E com a ajuda de muitos, porque vários profissionais estão ao lado de um exorcista”, detalha Dom Gregório.

Segundo a Arquidiocese, o último padre exorcista oficialmente nomeado em Fortaleza foi Caetano de Tillesse, monge belga que por mais de 40 anos exerceu sua missão na região do Grande Pirambu, onde ficou conhecido por missas com orações de cura e libertação. O religioso faleceu em 2010. 

Na falta de sacerdotes específicos, casos suspeitos são encaminhados ao bispo diocesano, que é, segundo as normas do Direito Canônico, o exorcista da Diocese.

Projetos para o futuro

Durante a coletiva de imprensa, Dom Gregório se disse disposto a conhecer a realidade de Fortaleza e a aprender com os conselhos já existentes na Arquidiocese. Na diocese de Petrópolis, lidava com cerca de 40 paróquias; em Fortaleza, há 145.

“Inegavelmente, sair de uma diocese menor para uma grande como Fortaleza gera um temor muito grande – temor, não medo. Fortalecido por Deus, a gente vai. É saber que essa realidade vai me fazer aprender bastante”, diz.

Além disso, se mostrou atento às realidades de populações mais distantes ou das periferias da Capital. “Tenho certeza de que as comunidades estão vivas, mas precisamos fazer com que esse trabalho de evangelização chegue a todos. Precisamos ter atenção com os invisíveis. Ser presença é fundamental para trazê-los aos nossos olhos”, destaca.

Missa de posse

A Missa de Posse do novo arcebispo ocorre nesta sexta-feira, às 19h, na Catedral Metropolitana. Às 18h, iniciam-se momentos importantes, como a entrada solene e outras atividades que fazem parte do rito próprio.

 

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