Patrimônio ambiental do Ceará, o Parque do Cocó foi atingido por dois incêndios nos últimos três dias: o primeiro foi registrado no sábado (30), e o outro nessa segunda-feira (2). As causas e a extensão dos danos ainda não foram divulgadas pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBMCE) nem pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (Sema).
O coronel Wagner Maia, comandante do CBMCE, explica que a região afetada pelas chamas “fica alagada durante o inverno, mas no verão seca muito rápido, de modo que rapidamente qualquer coisa pode desencadear o fogo”.
“Uma garrafa de vidro que o sol incide e aumenta a temperatura pode gerar um incêndio”, exemplifica, afirmando, porém, que somente após o trabalho de perícia será possível definir o que iniciou a queima.
O oficial frisa que os trabalhos para debelar o fogo iniciaram às 16h de segunda-feira, e que o combate é “lento” devido ao perfil da área. “É uma ocorrência que se torna complexa, porque como temos uma vegetação seca em cima e úmida embaixo, o fogo que tem nas palhas desce pras raízes e encontra umidade, gerando muita fumaça”, descreve.
Devido a esse processo, os agentes “viraram a noite” para remover vegetação e matéria orgânica que pudesse favorecer o surgimento de novos focos. Por isso, reforça Maia, “é prematuro citar o tamanho da área atingida, porque não conseguimos mensurar ainda”.
No último sábado (30), outro incêndio já havia sido registrado no Cocó. De acordo com a titular da Sema, Vilma Freire, a ocorrência de ontem “é um novo foco, não tem relação com a do fim de semana”.
A gestora contabiliza que, além do grande incêndio registrado no parque em janeiro deste ano, apenas outros três “pequenos focos” atingiram a área preservada, em 2024, todos “neste último mês”. Em 29 de outubro, um trecho do parque no bairro Aerolândia foi afetado por fogo.
Questionada sobre as causas dos últimos sinistros, a secretária também se negou a antecipá-las antes da conclusão do trabalho pericial, mas reforçou a influência do clima seco e da ação humana.
“A área está protegida para que seja analisada. Mas identificamos bitucas de cigarro, pedaços de velas, vidros… Mas aqui é uma área preservada que não é pra população ter acesso. A cerca existe exatamente pra limitar”, alerta.
Vilma frisa que, entre as ações de prevenção de ocorrências do tipo, estão o Programa Previna, o aumento da fiscalização de rotina e a implementação de aceiros, que são faixas de terra sem vegetação criadas para prevenir a propagação de eventuais chamas.
‘Campos de futebol’ queimados
Em janeiro deste ano, o Parque do Cocó sofreu um incêndio de grandes proporções, que durou cerca de uma semana e destruiu uma área de cerca de 10 hectares, o equivalente a mais ou menos 10 campos de futebol, como informou a Sema no período.
Nos últimos anos, pelo menos dois incêndios maiores atingiram áreas dentro da poligonal do Parque do Cocó – um em 2020, debelado em um dia; e outro em 2021, que afetou uma área de mais de 46 hectares.