Líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, pode ter desencadeado o maior racha da facção criminosa após ser gravado chamando um comparsa de "psicopata", na Penitenciária Federal de Porto Velho. Conforme noticiado pelo jornal O Globo, nesta terça-feira (11), o momento ocorreu em julho de 2022 e pode ter sido responsável por condenar um também membro da organização.
Conforme o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Marcola aparece em um áudio xingando Roberto Soriano, o "Tiriça", em conversa com um funcionário da unidade prisional. A gravação teria disseminado uma disputa interna da organização.
Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MPSP, levou o áudio ao Ministério Público Federal. A gravação foi utilizada como prova no processo que condenou "Tiriça" pelo homicídio de uma psicóloga da Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, ocorrido em 2017.
"O Marcola sabia bem o que estava falando, só não esperava que o Soriano teria ciência disso, pensou que ficaria interno. Eu avisei ao MPF que existia a gravação em Porto Velho. Não digo que ele foi condenado por isso, mas foi uma prova importante", revelou Gakiya.
Marcola já possui condenação de 300 anos pelos crimes de roubo, homicídio, formação de quadrilha, organização criminosa e associação ao tráfico de drogas.
Aliança entre 'Tiriça', 'Vida Loka' e 'Andinho'
Ainda conforme O Globo, 'Tiriça' acreditava que havia sido denunciado por Marcola e então se aliou a outros dois membros do PCC: Abel Pacheco de Andrade, o 'Vida Loka', e Wanderson Nilton de Paula Lima, o 'Andinho'.
O trio decidiu ser o momento de retirar a liderança do PCC. Conforme Gakiya, Marcola informou aos membros, via advogado, da briga e pedindo a morte de Tiriça, Vida Loka e Andinho.
Chefes de facção em liberdade concordaram com Marcola, contudo, a briga está em espera.
Morte de 'Gegê do Mangue' e 'Paca'
Um caso semelhante de racha no PCC ocorreu no Ceará. 'Gegê do Mangue' e 'Paca' no Ceará. O crime teria sido motivado porque a cúpula do PCC descobriu que a dupla desviava recursos da facção paulista para enriquecimento próprio.
'Fuminho' foi apontado como mandante do duplo homicídio, após o nome dele ser citado em um bilhete, apreendido na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, em São Paulo, no dia 19 de fevereiro de 2018 - quatro dias depois de 'Gegê do Mangue' e 'Paca' serem executados em uma aldeia indígena, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
"Amigos aqui é o resumo do Pé Quebrado e mais uns irmãos. Ontem fomos chamados em uma ideias, aonde nosso ir (irmão) Cabelo Duro deixou nois ciente que o Fuminho mandou matar os dois o GG e o Paka. Inclusive o ir (irmão) Cabelo Duro e mais alguns irs (irmãos) são prova de que os irs (irmãos) estavão roubando", descrevia o 'salve' (comunicado dentro da facção), no bilhete.
Ao ser interrogado pela Justiça, Gilberto Aparecido alegou que "não possui qualquer envolvimento com os fatos apurados no presente processo", que "não integra qualquer organização criminosa" e que estava na Argentina na época do crime, "o que impediria, sob a sua ótica, a prática dos delitos", detalha a Justiça Estadual. O réu ainda garantiu que "não conhecia as vítimas e os acusados".
Seis anos após os assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca', a Justiça Estadual decidiu levar a julgamento cinco acusados de matar os líderes de uma facção criminosa paulista, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).