Cientistas sul-africanos informaram os primeiros avanços dos estudos feitos sobre a variante Ômicron, que carrega, sozinha, 50 mutações do coronavírus. Embora sejam necessárias análises mais aprofundadas, as impressões iniciais são de que as vacinas aplicadas contra a Covid-19 até então cumprem, de fato, papel importante na redução da gravidade da doença.
Teste PCR
Além disso, os estudos apontam que o teste PCR, considerado “padrão ouro” para detecção da Covid-19, é suficientemente capaz de apontar se a infecção é provocada pela nova variante, sem necessidade de sequenciamento genômico.
Os resultados preliminares sobre a Ômicron foram apresentados à Comissão de Saúde do Parlamento pela Rede de Vigilância do Genoma da África do Sul (NGS-SA, na sigla em inglês).
Segundo a Agência Brasil, com informações da Agência RTP, os cientistas sul-africanos já falam em quarta onda da pandemia e se dizem mais preocupados em entender a transmissibilidade da nova variante e em atestar o efeito da imunidade proporcionada pelas vacinas.
Efeito das vacinas
“A genética da Ômicron é completamente diferente da Delta ou das variantes anteriores”, afirmou, na África do Sul, o especialista em doenças infectocontagiosas Richard Lessels, que alegou ainda que “as vacinas são a ferramenta que pode evitar a doença grave e a hospitalização”.
O especialista disse, porém, que os cientistas não sabem dizer ainda se a média de tempo de incubação do vírus segue a mesma, de cinco dias.
“Estamos preocupados não tanto com o número de mutações, mas onde elas estão concentradas, porque muitas delas o fazem no pico da proteína S, especificamente em partes-chave que são importantes para ter acesso às nossas células. Não sabemos se os anticorpos são capazes de lidar com elas”, ponderou.
Gravidade
Apesar de os primeiros casos da infecção pela Ômicron se mostrarem “leves”, especialmente entre vacinados, ainda não se pode afirmar quão grave é a nova variante.
“Embora a maioria dos casos positivos com a nova variante tenha sintomas ligeiros, é muito cedo para dizer o nível de periculosidade da Ômicron, porque foi detectada muito recentemente. Não sabemos se vamos ver casos mais graves”, disse Lessels, segundo a Agência Brasil.
Ômicron deve se sobrepor à Delta
De acordo com o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas da África do Sul (NICD, na sigla em inglês), de 249 sequenciamentos feitos em novembro, 183 deram positivo para a Ômicron, o equivalente a quase 74%. Além disso, a Ômicron já foi confirmada em praticamente todas as províncias da África do Sul.
Isso sugere a possibilidade de a Ômicron se sobrepor à Delta, variante que, de acordo com Lessels, já estava se propagando em níveis muito baixos no país e que foi responsável, no mundo inteiro, pelas últimas ondas.