A Venezuela inicia nesta segunda-feira (22( uma "quarentena radical" para combater a nova onda de casos do novo coronavírus no país. A medida, anunciada pelo presidente Nicolás Maduro durante um pronunciamento na TV estatal nesse domingo (21), deve durar duas semanas.
A determinação vem em um momento de piora da pandemia no país. Pela primeira vez desde outubro do ano passado, a Venezuela registrou mais de mil novos casos de Covid na semana passada. De acordo com Maduro, a segunda onda no país está diretamente relacionada à variante brasileira do coronavírus, já detectada no país.
"Estamos diante da presença de uma segunda onda, sem dúvida alguma. A partir de sexta, 16 de março, detectamos, já na Venezuela, uma segunda onda do coronavírus, que tem como causa fundamental a chegada da variante brasileira ao nosso país, sem dúvida alguma", disse Maduro, confundido a data.
Ao se referir à variante brasileira, Maduro também aproveitou para criticar a resposta de Jair Bolsonaro à pandemia, chamando o presidente brasileiro de "irresponsável". Nas palavras do presidente venezuelano, o Brasil se tornou "a maior ameaça do mundo" em termos de saúde pública.
"É alarmante. Eu diria que está angustiante ver os relatos de São Paulo, do Rio de Janeiro e de todo o Brasil, e a atitude irresponsável da direita trumpista brasileira. A atitude irresponsável de Jair Bolsonaro com o povo do Brasil", afirmou Maduro. E completou: "o Brasil se tornou a maior ameaça do mundo em relação à pandemia do novo coronavírus, assim já reconhecem os especialistas de todo o mundo. O Brasil é uma ameaça para o mundo hoje. Por culpa de quem? De Jair Bolsonaro. Que em meio ao colapso, em vez de pedir ajuda aos distintos setores - científicos, médicos, políticos - o que faz é confrontar para que o povo não faça quarentena, para que o povo não use máscara. Uma loucura, de verdade. Algo que não tem nome."
De acordo com o balanço da pandemia apresentado por Maduro na TV estatal, a Venezuela tem uma taxa de 27 casos ativos de Covid-19 para cada 100 mil habitantes. Segundo os dados mais recentes da Universidade americana Johns Hopkins, o país confirmou 817 novos casos da doença no domingo, com 10 mortes.
Recomendações polêmicas
Apesar das críticas a Jair Bolsonaro, Nicolás Maduro e o presidente brasileiro já estiveram alinhados sobre a resposta a ser dada à pandemia. Em maio do ano passado, Maduro defendeu publicamente o uso de cloroquina - medicamento sem eficácia comprovada para a doença, também defendida por Bolsonaro - para pacientes com Covid-19.
Antes, em outra recomendação polêmica, o presidente da Venezuela incentivou o consumo de uma mistura de ervas com mel e limão como forma de combater uma eventual infecção de covid-19.