Conhecida por participar do processo de coagulação sanguínea, evitando hemorragias, a vitamina K é um nutriente essencial para o corpo. “Sua atividade ainda é mais abrangente, desempenhando também outros papéis importantes como na prevenção e tratamento da osteoporose e de doenças cardiovasculares, nos distúrbios metabólicos e no câncer”, detalha a nutricionista e bióloga Juliana Gifoni*.
A principal forma da vitamina K é a vitamina K1, segundo a profissional de saúde, encontrada principalmente em vegetais de cor verde-escura, como brócolis, couve e espinafre, além de algumas frutas, como kiwi, morango e uva. Além disso, há a vitamina K2, presente em alguns alimentos de origem animal.
Uma curiosidade: a vitamina K foi descoberta, em 1929, por Henrik Dam. Esse pesquisador observou a presença de hemorragias em galinhas que tinham uma dieta livre de gorduras. Em 1935, o estudioso relatou que o sintoma era aliviado nesses animais com a ingestão de uma substância solúvel em gordura, a qual ele chamou de vitamina K. A letra K foi escolhida por ser a primeira da palavra dinamarquesa “koagulation”.
O que é
A vitamina K é uma vitamina lipossolúvel que ocorre naturalmente em duas formas biologicamente ativas: a vitamina K1, ou filoquinona, encontrada principalmente em alimentos de origem vegetal; e a vitamina K2 ou menaquinona, disponível em fontes de origem animal.
“Além da via de ingestão alimentar, algumas isoformas da vitamina K2 podem ser sintetizadas por bactérias da microbiota intestinal, como produtos de seus metabolismos, sendo posteriormente absorvidas no intestino. Uma terceira forma, conhecida como K3 ou 'menadiona', é um composto sintético, usado na ração animal”, detalha a nutricionista.
Para que serve?
Trata-se de uma vitamina necessária para sintetizar as proteínas que ajudam a controlar o sangramento, prevenindo hemorragias e favorecendo a cicatrização de feridas.
Participa também, no fígado, da ativação de várias proteínas da coagulação sanguínea.
Nos ossos, favorece o direcionamento do cálcio circulante para dentro do tecido (calcificação). “Por esse último motivo também é importante na saúde cardiovascular, pois o direcionamento do cálcio para a mineralização óssea previne a calcificação vascular e de tecidos moles, o que pode gerar a aterosclerose”, explica Juliana. Ela também cita que, por sua atuação no metabolismo ósseo, a vitamina K está relacionada à diminuição de fraturas na terceira idade.
Interação da vitamina com medicamentos
A vitamina K pode interagir com medicamentos. No entanto, é preciso ter em vista que o uso prolongado de antibióticos reduz em quantidade e diversidade as bactérias da microbiota intestinal, podendo gerar deficiência de vitamina K, alerta a nutricionista. “A principal interação envolve medicamentos anticoagulantes, como a varfarina, que é muito utilizada por idosos para evitar eventos tromboembólicos. Quando usadas cronicamente, essas drogas podem levar a uma deficiência adquirida de vitamina K”, adiciona.
De modo geral, os pacientes que fazem uso destes medicamentos são orientados a excluir os vegetais folhosos e outras fontes de vitamina K da alimentação, na tentativa de não atrapalhar o efeito esperado do medicamento. “No entanto, vale lembrar que a biodisponibilidade dessa vitamina em vegetais folhosos é baixa. Assim, a ingestão alimentar equilibrada e sem excessos não deve trazer riscos a essa população”, analisa.
A bióloga também enfatiza que é importante que os indivíduos em uso crônico de varfarina recebam orientação dietética sobre a quantidade de vitamina K que deve ser ingerida para manutenção das concentrações ótimas sanguíneas. “Deve-se ter atenção à suplementação dessa vitamina, cada vez mais comum em associação à vitamina D. Esta deve ser feita apenas sob orientação de um médico ou nutricionista, avaliando-se a necessidade caso a caso”.
Principais dúvidas
Quais alimentos são ricos em vitamina K?
Quais os sintomas de deficiência de vitamina K?
Quais as causas de deficiência de vitamina K?
Quais doenças podem ser causadas pela falta de vitamina K?
Vitamina K causa algum efeito colateral?
*Juliana Menezes Gifoni é nutricionista (Unifor) e bióloga (Uece), mestre e doutora em Bioquímica (UFC), com pós-doutorado em Bioquímica e Biologia Molecular (UFC), nutricionista clínica com especialização em Nutrição Oncológica (Plenitude Educação – SP). Formação em Nutrição e Estética, formação em Modulação Intestinal, formação em Terapia Nutricional em Oncologia (A C Camargo e Instituto Albert Einstein). Atende em consultório com foco em nutrição oncológica, clínica e funcional, doenças crônicas e obesidade.