Pimenta-do-reino: para que serve, benefícios e malefícios

Versátil e responsável por promover diversos efeitos positivos no organismo, o consumo da especiaria inspira cuidados e possui contraindicações

A pimenta-do-reino é uma especiaria amplamente conhecida pelo uso na gastronomia. O aroma característico e a ardência moderada tornam o insumo uma opção de destaque para temperar alimentos, principalmente carnes. No entanto, o produto de origem indiana vai além da função de condimentar o sabor em receitas.

Devido à composição rica em nutrientes benéficos para a saúde, ele é frequentemente utilizado pela medicina alternativa, pela nutrição e pela indústria farmacêutica para tratar e prevenir doenças crônicas, além de auxiliar na produção de medicamentos. O perfume intenso também garante funcionalidade na fabricação de fragrâncias.  

Apesar da versatilidade e da série de efeitos positivos, o uso da pimenta-do-reino também inspira cuidados e possui contraindicações. A seguir, o Diário do Nordeste detalha quais são as vantagens e os malefícios associados ao alimento. 

 

Para que serve a pimenta-do-reino?  

O insumo é descrito pela nutricionista Sabrina Lima* como uma especiaria comumente encontrada em diversos formatos, como em grãos ou em pó. Amplamente utilizado como tempero de carnes, sopas, marinadas e finalizações de receitas, o produto pode ainda ser consumido como óleo essencial e chá (confira receita da bebida abaixo).  

A pimenta-do-reino é rica em bioativos com ações imunomoduladoras, que, segundo a especialista, são benéficos para o organismo e agem diretamente no sistema imunológico, fortalecendo, por exemplo, as defesas e melhorando o funcionamento desse. As propriedades nutricionais do alimento também atuam na prevenção e no tratamento de doenças crônicas.   

Quais os benefícios da pimenta-do-reino?   

Por ser rica em compostos bioativos, antioxidantes, termogênicos, anti-inflamatórios e antimicrobianos, o consumo regular da pimenta-do-reino oferece diversos efeitos positivos para a saúde. Segundo a nutricionista, devido esses benefícios, ela é muito utilizada pela medicina alternativa e pela nutrição funcional.  

Entre as propriedades destacadas pela profissional está a presença de ferro, de cálcio, de zinco, de potássio, de magnésio, de cromo e de vitaminas A e C, que, segundo ela, auxiliam desde a perda de peso e o controle da diabete até o fortalecimento do sistema imunológico e a prevenção de doenças crônicas.  

Abaixo, confira os principais benefícios da ingestão regular da especiaria, conforme a nutricionista:    

  • Fortalece o sistema imunológico — a presença de substâncias com ação antimicrobiana e antioxidante no alimento, como vitamina C, zinco e potássio, influi diretamente no aumento da proteção do organismo contra infecções; 
  • Auxilia o emagrecimento — rico em capsaicina, composto com propriedade termogênica, o alimento favorece a aceleração do metabolismo, estimulando, assim, a queima de gordura corporal;  
  • Previne doenças cardiovasculares — por possuir uma ação antioxidante, a pimenta-do-reino age no organismo inibindo a oxidação de células de gordura, equilibrando os níveis de colesterol na corrente sanguínea e, assim, contribuindo para o não surgimento de cardiopatias, como infarto e trombose; 
  • Equilibra os níveis de açúcar no sangue — além do efeito termogênico, a capsaicina também ajuda no controle da liberação de insulina no organismo, contribuindo para o equilíbrio dos níveis de glicose no sangue. Então, a ingestão regular da especiaria ajuda a impedir o desenvolvimento da resistência à insulina, característica da diabete; 
  • Melhora a saúde cerebral — rico em compostos bioativos com propriedades antioxidante e anti-inflamatória, como flavonoides, piperina e capsaicina, o consumo do produto auxilia no combate dos radicais livres, preservando, assim, a saúde do cérebro;   
  • Aumenta o bem-estar — por conter triptofano e magnésio na composição, a pimenta-do-reino promove o relaxamento, o prazer e a sensação de bem-estar, consequentemente melhorando o humor;    
  • Alivia dores — rica em agentes com propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, como limoneno, cariofileno, linalo e magnésio, a especiaria ajuda a aliviar dores de cabeça, nas articulações e muscular, além de reumatismo, entre outros.   

Para ter acesso aos efeitos positivos associados ao alimento, a profissional explica que o consumo pode ser diário. Apesar de não haver estudos que especificam a quantidade exata que deve ser administrada, ela afirma que é possível ingerir até uma colher de chá durante as refeições. 

Principais dúvidas 

Como consumir?  

Sabrina Lima detalha que um dos principais usos da pimenta-do-reino é no preparo de carnes. No entanto, ela destaca que a especiaria é um alimento versátil, e que pode ser utilizado em marinadas, sopas, infusões e até em forma de óleo essencial. 

A profissional explica ainda que caso a finalidade seja usar o insumo para realçar o sabor nos pratos, o ideal é que ele seja moído sobre as receitas ao fim das preparações. 

Abaixo, ela ensina, passo a passo, uma das formas de consumir o produto: 

Chá de pimenta-do-reino: 

  • 1 colher de café de sementes secas de pimenta-do-reino 
  • 1 xícara de chá de água 
  • 1 colher de chá de mel 

Passo a passo: coloque a água para ferver, em seguida adicione as sementes. Tampe a xícara, e deixe em infusão por cerca de 5 minutos. Coe, então adicione mel e consuma imediatamente.   

Faz mal?  

A nutricionista alerta que o consumo da pimenta-do-reino deve ser sem exageros. Mesmo se tratando de um alimento funcional, ela pode trazer alguns prejuízos, como ressecamento de pele, desconfortos gastrointestinais, ardência ocular, entre outros. 

Conforme a profissional, o ideal é que a ingestão seja moderada para evitar possíveis efeitos colaterais, como os citados anteriormente.  

Quais os tipos?  

Existem três tipos de pimenta-do-reino: a branca, a verde e a preta. Conforme o Manual de Segurança e Qualidade para a Cultura da Pimenta-do-Reino, publicado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), apesar de todas serem frutos da mesma espécie, a principal diferença entre elas é o período de maturação e o processo que são submetidas após serem colhidas.  

Abaixo, confira as principais características de cada uma: 

  • Pimenta-do-reino verde: este tipo é obtido mediante a colheita do fruto quando ele atinge dois terços do desenvolvimento. Após ser debulhado, ele é colocado em salmoura — mistura de sal e ácido cítrico — durante 24 horas. Depois de drenado, a solução salgada é renovada e o produto vendido em conserva, embalado a vácuo.  
  • Pimenta-do-reino preta: nesta versão do insumo as espigas são colhidas quando os frutos estão semimaduros, momento em que a casca começa a amarelar. Em seguida, são debulhados e secos ao sol, por cerca de três dias, ou mecanicamente, até atingirem a umidade recomendada. No mercado, pode ser encontrado em diferentes formatos, desde grãos até a versão em pó.  
  • Pimenta-do-reino banca: esta é colhida somente após a maturação completa, quando a casca do fruto atinge a coloração vermelha. Depois, o insumo passa por um processo de molho em água, por cerca de 15 a 30 dias, provocando o amolecimento da casca que, então, se solta. Por fim, o fruto também é seco ao sol ou mecanicamente.  

Quem não pode usar?  

Segundo a nutricionista, pessoas que são alérgicas aos componentes da pimenta-do-reino não podem consumir a especiaria. Pacientes com quadro de gastrite, úlceras, hemorroida e fissuras, por exemplo, também devem evitar a ingestão do alimento, devido ele provocar a sensação de ardência e queimação.  

A especialista ainda ressalta que mulheres grávidas que apresentem episódios recorrentes de enjoos, náuseas, vômitos, também devem evitar o consumo. 

Como plantar? 

A pimenteira-do-reino pode ser propagada por estacas semilenhosas pré-enraizadas, por mudas herbáceas e por sementes, conforme informações sobre a especiaria na Coleção Plantar, produzida pela Embrapa. No entanto, o sistema de mudas é o mais utilizado e possui a maior taxa de sucesso. O documento indica que a época ideal para o plantio é no início do período chuvoso.  

Por ser um vegetal do tipo trepadeira, necessita de suportes, que podem ser estações de madeira ou outras espécies, como a Gliricídia sepium e a Azadirachta indica, que devem ser instalados a cerca de 20 centímetros de distância da planta. Logo após o plantio, as mudas devem ser protegidas do sol com folhas de palmeiras, como coqueiro e babaçu. 

*Sabrina Lima é nutricionista clínica, com CRN 11 9595. É graduada pela UniFanor Wyden e possui pós-graduação em Nutrição Pediátrica pelo Centro Universitário Estácio de Sá (Estácio). Atua há cinco anos em nutrição clínica.