O que é síndrome do pânico? Veja causas, sintomas e tratamento

Pacientes que convivem com a condição possuem níveis altos de incapacidade social, profissional e física

O medo é uma resposta natural desencadeada pela percepção de perigo. No entanto, em pessoas que possuem algum dos transtornos de ansiedade esse sentimento se apresenta exacerbadamente e por um período persistente de tempo, além de ser provocado por um fator não corresponde ao nível de mal-estar. 

A síndrome do pânico é um dos distúrbios de ansiedade. Ela é caracterizada pela presença de ataques de pânico — espécie de surto abrupto de medo intenso ou desconforto que alcança um pico em minutos — inesperados e recorrentes.  

Conforme a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), pacientes que convivem com a condição possuem níveis altos de incapacidade social, profissional e física; custos econômicos consideráveis; e número mais alto de consultas médicas entre os transtornos de ansiedade.  

O que é síndrome do pânico  

O transtorno do pânico é caracterizado por ataques de pânico recorrentes e inesperados, conforme explica a psiquiatra e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luísa Weber Bisol*. Segundo o Ministério da Saúde, essas crises podem ocorrer em qualquer lugar, contexto ou momento, durando em média de 15 a 30 minutos.  

O DSM-5 o classifica como um dos cinco transtornos de ansiedade existentes. Atualmente, essa categoria, como explica a médica, incluem distúrbios que compartilham achados de medo e ansiedade excessivos e alterações comportamentais. 

Essas condições são comuns e incapacitantes e começam, principalmente, durante a infância, adolescência e início da idade adulta. Eles diferem da ansiedade transitória induzida pelo estresse por serem marcantes, ou seja, desproporcionais à ameaça real presente e persistentes, e por prejudicarem o funcionamento diário do indivíduo. 

Segundo a profissional, a maioria dos transtornos de ansiedade afeta quase duas vezes mais mulheres do que homens, e, geralmente, ocorrem concomitantemente com depressão maior, transtornos por uso de álcool e outras substâncias e de personalidade.  

Sintomas  

Um ataque de pânico é caracterizado por um medo intenso e abrupto, atingindo o pico em poucos minutos. Segundo a especialista, durante o episódio é comum observar quatro os mais dos seguintes sintomas:  

  • Palpitações ou taquicardia; 
  • Sudorese; 
  • Tremores; 
  • Falta de ar; 
  • Sensação de asfixia; 
  • Desconforto ou dor no tórax; 
  • Náuseas ou desconforto abdominal; 
  • Tontura ou sensação que irá desmaiar; 
  • Calafrios ou ondas de calor; 
  • Formigamentos; 
  • Desrealização (sentimento de não realidade); 
  • Despersonalização (como se estivesse fora do corpo); 
  • Medo de perder o controle ou enlouquecer; 
  • Medo de morrer. 

Ainda conforme a médica, para caracterizar o transtorno do pânico também é necessária a preocupação em ter novos ataques persistindo por pelo menos um mês e mudanças no comportamento relacionadas aos ataques. 

Diagnóstico  

O diagnóstico do transtorno de pânico é realizado através de uma entrevista clínica, onde o especialista identifica os sintomas característicos e também atua na exclusão de possíveis causas orgânicas, como algumas condições físicas — incluindo doenças da tireoide, cardíacas, respiratórias, além de intoxicação e abstinência de substâncias.  

Tratamento 

 

Segundo Luísa Weber Bisol, existem recursos farmacológicos, particularmente inibidores seletivos de recaptação de serotonina e inibidores de recaptação de serotonina-noradrenalina, efetivos no combate à condição. Tratamentos psicológicos, principalmente os baseados na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), também podem ajudar pacientes com síndrome do pânico.   

No entanto, a combinação dos dois, como esclarece a pesquisadora, é mais eficaz do que qualquer um deles ministrados individualmente. A prática regular de exercícios físicos aeróbicos, a meditação, a práticas de relaxamento, evitar uso exagerado de álcool e outras substâncias são hábitos benéficos para o tratamento e prevenção da condição, indica a especialista.  

Caso o transtorno do pânico não seja tratado, ele tende a se repetir cronicamente, alerta a profissional. 

Qual a diferença da ansiedade para a síndrome do pânico 

O DSM-5 classifica o transtorno de pânico como um dos cinco transtornos de ansiedade. Além dele, também se encaixam nessa categoria o transtorno de ansiedade de separação, o mutismo seletivo, as fobias específicas, o transtorno de ansiedade social, a agorafobia e o transtorno de ansiedade generalizada. 

A crise de ansiedade é semelhante ao ataque de pânico, ambos possuem os mesmos sintomas e podem ser definidos como surtos abruptos de medo e de desconforto intenso, segundo a psiquiatra.  O que difere uma condição da outra é que na primeira, conforme a especialista, é possível identificar o motivo que desencadeou o colapso, já na última nem sempre há um fator desencadeante.  

Outra característica díspar é o tempo de duração: um ataque de pânico atinge o ápice em minutos, enquanto a crise de ansiedade pode durar muito tempo. No entanto, as duas situações surgem como um tipo particular de resposta ao medo em pessoas com transtornos de ansiedade, assim como também em indivíduos com outros distúrbios, esclarece a pesquisadora.      

*Dra. Luísa Weber Bisol, médica Psiquiatra, CREMEC 19645 RQE 8954, graduação em Medicina pela PUC-RS, residência médica em Psiquiatria pelo Hospital São Lucas da PUC-RS, doutorado em Ciências Biológicas: Bioquímica pela UFRGS. Atualmente é professora adjunta de Psiquiatria lotada no Departamento de Medicina Clínica da FAMED - UFC. Coordenadora dos projetos de extensão universitária Programa de Apoio ao Paciente Psicótico (PROAPP), Programa de Apoio ao Deprimido Refratário (PROADERE), Cetrata nas Escolas (CNE) e Grupo de Estudos em Transtornos Afetivos (GETA).