A morte do taxista Fernando Guilherme de Holanda Campos Júnior, de 50 anos, nessa sexta-feira (15), no bairro Parque Araxá, em Fortaleza, interrompeu os planos dele de aumentar a família com a esposa Aline.
O assunto foi tratado pelo irmão da vítima, Casemiro Campos, em entrevista à Verdinha 92.5 FM durante o velório do corpo do taxista neste sábado (16). O casal, que estava junto no momento do crime, teria planos de ter um filho.
Guilherme era um cara feliz, realizado. Estava construindo novos sonhos. (...) A esposa, Aline, estava pensando em ter filhos, toda uma caminhada para eles realizarem o grande sonho, mas isso fica despedaçado, não fica realizado. É algo que mexe com todos nós, a perda de um ente querido, meu melhor amigo, e nos deixa desolados. A perda do Guilherme representa a perda do afeto, das nossas emoções.
O corpo de Guilherme será sepultado no fim da tarde deste sábado no Cemitério Parque da Paz. O taxista lavava a calçada de casa quando foi surpreendido por quatro homens, que entraram na casa dele, amarraram ele e a esposa para tentar assaltar o imóvel. Guilherme conseguiu se soltar e tentou reagir, mas acabou baleado na cabeça e morreu no local.
"A circunstância foi a porta da casa aberta. O Guilherme estava lavando o carro em que trabalhava, tinha lavado o carro da esposa e estava terminando de limpar a calçada para fechar a porta. Nesse ínterim, ele é abordado por dois, na sequência vem mais dois, e aí empurram ele para dentro de casa. Nessa circunstância que seguimos com a Polícia Civil é de latrocínio", explica o irmão da vítima.
Homem era suplente de vereador e autorizou doação de órgãos
Conhecido principalmente dentre os taxistas como ex-presidente da Cooperativa Rádio Táxi Fortaleza, Francisco Guilherme foi candidato a vereador em 2024 pelo Podemos, conquistando 255 votos e ficando como suplente para o cargo na Câmara Municipal de Fortaleza.
"Na cooperativa de táxi, entre os amigos taxistas, era uma liderança. Por força dessa liderança, se candidatou a vereador, ficou na suplência do partido, teve uma exposição das ideias e dos projetos e a ideia maior dele era pensar a melhoria da qualidade de vida na cidade de Fortaleza, como servir melhor as pessoas", relembra Casemiro Campos.
O irmão da vítima descarta a hipótese de o fato de o irmão ser suplente de vereador ter alguma relação com o crime, que a polícia trata como latrocínio. Um dos suspeitos de envolvimento no caso foi preso ainda na sexta-feira no bairro Praia do Futuro.
"Na ânsia de proteger, ele vai para uma luta corporal e é alvejado pelas costas com um tiro na cabeça. Tudo isso faz a gente refletir seriamente sobre o significado do que estamos a fazer, da nossa vida e do nosso papel como cidadão", lamenta.
Antes do crime, em conversas com a esposa e com demais familiares, Guilherme manifestou o desejo de doar os órgãos que pudessem ser doados. Casemiro Campos conta que somente as córneas do irmão poderão ser destinadas a outras pessoas.
"Ele dizia que, na ausência dele, fizesse a doação dos órgãos que pudessem ser aproveitados. Como se tratou de uma morte violenta, não teve condição de doar muita coisa, mas as córneas ficaram intactas e a esposa e a família autorizaram a doação. O Guilherme vai dar luz para outras duas pessoas que estejam necessitando", diz.
Esposa ainda não falou se volta ou não para casa
Ainda durante o velório do irmão, Casemiro Campos falou acerca da situação da esposa de Guilherme, Aline, que também estava na cena do crime. Nenhuma decisão sobre o retorno dela para casa, que é própria, foi tomada.
"Não pensamos ainda nisso (voltar para casa), o tempo foi muito curto, só com o tempo, próximos meses, que a gente possa tomar alguma decisão. É um momento de muito sofrimento e luto pela morte do Guilherme. Não é momento de tomar nenhuma decisão intempestiva, tendo em vista que isso pode gerar outras consequências que podem não ser boas. A Aline, como advogada, é experiente nisso", reflete.