Municípios do Ceará registram intensa movimentação de ambulâncias em unidades de saúde

Cidades enfrentam necessidade de transferência de pacientes

Apesar da ampliação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Ceará, cidades do Interior têm registrado colapso em unidades de saúde devido ao aumento dos casos de Covid-19.

O Diário do Nordeste recebeu vídeos com denúncias de lotação de ambulâncias em hospitais dos municípios de Pacajus e Tianguá. Nos vídeos, pessoas citam haver falta de leitos nas unidades.

O secretário da Saúde de Tianguá, Rejarley de Lima, destacou, nesta terça-feira (16) a abertura de 11 novos leitos de UTI no município na segunda (15). "Nós estamos frente a uma pandemia e ao avanço significativo no número de casos", frisou, afirmando que as unidades devem auxiliar no tratamento de pacientes de toda a Serra da Ibiapaba. Apesar do acréscimo, o titular da Pasta reconhece que a quantidade é "insuficiente", tendo em vista que a região da Ibiapaba, em que cidade está, tem 420 mil habitantes.

Outra dificuldade, segundo Rejarley, é a produção de oxigênio — embora, conforme o secretário, o município seja um dos 26 do Estado que contam com usinas ou tanques do insumo.

"Uma das maiores dificuldades pra nossa região tem sido, obviamente, a questão do oxigênio, medicamentos e, principalmente, a falta de conscientização por boa parte da população".

Em razão disso, o titular da Pasta de Tianguá reforça a necessidade de seguimento das medidas de prevenção contra o novo coronavírus por parte dos moradores. "A gente vem, encarecidamente, pedir à população tianguaense para que faça valer as medidas [...] Que possamos realmente demonstrar e praticar empatia neste momento".

Pacajus

A Prefeitura de Pacajus informou, em nota, que ocorreram transferências de pacientes internados em estado grave no Hospital José Maria Philomeno Gomes na manhã desta terça-feira (16).

A gestão municipal acrescentou que o hospital, secundário e com internamento para pacientes de baixa e média complexidade, chegou à capacidade máxima na noite de segunda (15). Em razão disso, o Governo do Estado por acionado e prestou transferência dos pacientes em "vagas zero" por meio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Ainda em nota, a Prefeitura afirma que a usina de oxigênio está operando em capacidade máxima devido à alta demanda. A transferência ocorre como um "excesso de cuidado" para que o oxigênio não falte no sistema por sobrecarga.

Além disso, o Município afirma estar trabalhando para adquirir cilindros de oxigênio e tem ampliado o número de profissionais de saúde para atendimento de pacientes com Covid-19.

Pacatuba

Em Pacatuba, nesta terça-feira, 13 pacientes estão aguardando transferência para hospitais de referência do Estado, segundo a Prefeitura. São oito pacientes que precisam de leito de UTI - sendo três intubados - e cinco para enfermaria. "A equipe técnica encontra-se em constante contato com a central de leitos para garantir, dentro da possibilidade, a transferência dos mesmos", informou, em nota.

" A princípio, a rede de saúde municipal conta com apoio e suporte aos seus pacientes. Todo quadro de profissionais segue atendendo e dando assistência. Porém, em situações específicas, se faz necessária a inserção dos pacientes na central de regulação do Estado para que os mesmos sejam encaminhados aos hospitais de referência ao tratamento de Covid", disse o Município

Até esta segunda, Pacatuba realizou 13 transferências da rede municipal para leitos de UTI do Estado. 

Ajuda do Governo do Estado

A Sesa informou, em nota, que está ajudando os municípios "emergencialmente", tendo preparado unidades de saúde do Estado com reserva de oxigênio hospitalar cinco vezes maior do que no pico da pandemia no Estado, em 2020. 

A Pasta acrescentou que tem orientado sobre planejamento em situações de emergência e colaborado com empréstimos de oxigênio, transferências de pacientes e ajustes na condução terapêutica.

Ocupação de leitos nos municípios

De acordo com a plataforma IntegraSUS, atualizada pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), Tianguá está com 100% das UTIs ocupadas. A atualização, feita às 13h03 desta terça, não traz a inclusão os novos leitos entregues — existem apenas dez leitos ativos no Município, conforme a plataforma.

Já o município de Pacatuba não registra, na base de dados da Sesa, a existência de leitos de UTI ou enfermaria, apenas de pacientes em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Nelas, há 14 pessoas. Há ainda dois pacientes em máscara reservatório e três em ventilação mecânica.

Pacajus não apresenta dados em nenhum desses campos. Embora não conste no IntegraSUS, a Prefeitura de Pacajus informa que o município tem 17 leitos, sendo quatro com respiradores com capacidade de intubação.