Após finalização dos trabalhos periciais no começo da semana, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) prevê entregar o laudo sobre o rompimento da Barragem de Jati até o fim de setembro. De acordo com a Pasta, as inspeções foram feitas no local do rompimento por cinco especialistas contratados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), órgão ligado ao MDR.
Além da inspeção na estrutura, os técnicos analisaram a documentação fornecidas pelas empresas envolvidas no empreendimento. Outros setores do governo Federal visitaram o local do rompimento, como equipe técnica da Defesa Civil Nacional, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Ceará (Crea-CE) também estiveram no reservatório para avaliar o ocorrido.
O empreendimento, de acordo com o Ministério, está estável e não oferece riscos à população que vive em seu entorno. Na época do vazamento, 2 mil pessoas foram evacuadas do local. Agora, técnicos e engenheiros responsáveis pela obra estudam alternativas para que a água represada no reservatório siga em direção à outra barragem, localizada no município de Brejo Santo.
Vazamento
No dia 21 de agosto parte da tubulação do reservatório de Jati rompeu, projetando um jato de água devido a alta pressão. O equipamento, inaugurado um dia antes do acidente, integra a obra de Transposição do Rio São Francisco, com as águas que passam pela tubulação correndo em direção o Açude Atalho, em Brejo Santo.
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Moradores flagraram, em vídeo, problemas na estrutura da barragem localizada no município de Jati, na região do Cariri cearense, momentos antes do rompimento da tubulação. Nas imagens é possível perceber umidade nas paredes do reservatório, além da evasão de líquidos na comporta da barragem.
O geógrafo Clístenes Teixeira, doutor em Geologia com ênfase em mapeamento geotécnico e erosão hídrica pela Universidade Federal do Ceará (UFC), o escoamento de água na lateral da estrutura já indicaria problemas.
"Pelo vídeo, isso já indica vazamento ou material mal construído. Uma das possíveis causas é o tipo de material que foi utilizado no aterro ou o caso de concreto de baixa qualidade. Mas é preciso fazer um laudo no local. Contudo, o fato de acontecer vazamento é uma indicação óbvia de que existe algo errado. A vida útil de um equipamento como esse é de, no mínimo, 40 anos", conclui o geógrafo, que também pesquisa sobre Recursos Naturais.