97% das cidades do Ceará registraram morte por Covid-19 em todos os meses de 2021

Apenas Chaval, Frecheirinha, Graça, Granjeiro e Pires Ferreira estão fora dessa relação. Cosems alerta para a importância da manutenção dos cuidados e avanço da vacinação

Apesar da melhora nos indicadores, a pandemia no Ceará ainda não está controlada e segue com dados que sugerem máxima atenção. Levantamento realizado pelo Diário do Nordeste mostra que quase todos os municípios do Estado seguem com registros mensais de óbitos por decorrência do vírus SARS-Cov-2.

Das 184 cidades cearenses, 179 tiveram ao menos um registro de óbito por Covid-19 em todos os meses deste ano. Os únicos municípios fora dessa relação são Chaval, Frecheirinha, Graça, Granjeiro e Pires Ferreira.

O grupo é, inclusive, o que está há mais tempo sem mortes: três meses. Os dados são da plataforma IntegraSus, da Secretaria da Saúde (Sesa) do Estado.  

Para o vice-presidente do Conselho das Secretárias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), Rilson Andrade, "o índice [de 97% das cidades com mortes mensais] comprova que o vírus ainda está em circulação em todas as regiões e, por isso, é preciso maximar atenção".

Embora os números sejam favoráveis e mostrem uma situação bem melhor, o Cosems tem dialogado com os municípios para que os gestores mantenham todas as ações. O vírus segue circulando e um relaxamento pode incidir em aumento nos casos.
Rilson Andrade
Vice-presidente Cosems

Para manter essa tendência de queda nos indicadores, Andrade ressalta que o Cosems orienta gestores a manterem periodicamente ações como fiscalização, no intuito de conter aglomerações, e monitoramento de novos casos e pacientes suspeitos, para que seja feito uma barreira sanitárias nas zonas onde há ainda infecções pela Covid-19.

"São ações que já vêm sendo feitas, mas que devem continuar para que alcançarmos a máxima redução nos casos", acrescenta o representando do Conselho. Esse alerta torna-se ainda mais importante diante do surgimento dos primeiros casos da variante Delta, no Ceará.

Preocupação com uma possível terceira onda

Na última quinta-feira, dia 29, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) confirmou os primeiros quatro casos da variante Delta no Ceará. São três mulheres e um homem, com idades entre 22 e 26 anos, que chegaram de voos vindos do Rio de Janeiro.

Essa confirmação, na concepção de Rilson Andrade, aumenta o estado de alerta. Para ele, a variante pode representar um novo aumento nos casos de infecção e mortes.

Especialistas que estudam a pandemia em todo o mundo, apontam que essa nova variante tem uma característica de rápida transmissão. Seu nível de contágio chegou a ser comparado ao da catapora.

O aparecimento [da variante Delta] preocupa e muito o Cosems. A orientação específica aos municípios após a confirmação dos casos no Ceará é intensificar a investigação dos casos. Qualquer suspeita deve ser rigorosamente monitorada e investigada.
Rilson Andrade
Vice-presidente Cosems

Andrade explica que essa investigação deve "tentar rastrear a origem da infecção ou identificar se aquele paciente teve contato com alguém infectado com a variante Delta". Pessoas vindas de alguns estados onde a variante está mais disseminada, como o Rio de Janeiro, carecem de maior atenção

"Esse acompanhamento, junto à manutenção dos cuidados, é primordial para evitarmos uma terceira onda. Isso é tudo que a gente não quer que aconteça", concluir Rilson. 

Vacinação 

Questionado sobre qual o principal trunfo para obtenção na queda dos indicadores, Rilson é enfático ao dizer que considera o processo de imunização o grande responsável, muito embora reconheça o trabalho desempenhado pelos municípios na instituição de medidas como lockdown, barreiras sanitárias e testagem em massa. 

"Todas as cidades já vacinaram mais da metade da população adulta com a primeira dose e estamos passando da marca dos 20% de pessoas totalmente imunizadas. É um índice importante, sobretudo quando a gente observa os idosos e comorbidades, que eram os mais vulneráveis e agora estão quase todos completamente vacinados", detalha.

A continuidade do processo, e em larga escala, para que o máximo de pessoas se vacinem mais brevemente, é importante para conter o avanço da nova variante.

Estudo apontam que todos os imunizantes têm demonstrado eficácia contra a Delta em diferentes níveis até agora, apesar de apresentarem uma pequena diminuição em suas competências em relação à formulação original do coronavírus.

Até o momento, já foram aplicadas 5.435.967 doses no Ceará. Deste total, 3.829.128 diz respeito à primeira dose, 1.460.238 à segunda dose e 147.601 cearenses tomaram a dose única. Em Fortaleza, por exemplo, a vacinação da D1 vai retornar na próxima quarta-feira (4).

O avanço foi viabilizado pelo recebimento, no último sábado (31) de um lote com mais 316.360 doses de vacinas, sendo  143,2 mil imunizantes da Pfizer e 173.160 da CoronaVac. O Estado já recebeu mais de 6,5 milhões de doses da vacina contra a Covid-19.