400 famílias tiveram casas atingidas por cheia de lagoa em Iguatu

A Funceme registrou em três dias deste mês 274mm de chuva na cidade, quando o esperado para o período é de 189mm

A manhã deste domingo foi mais um dia de limpeza dos imóveis pelos moradores e de desobstrução de ruas, reabertura de bueiros por operários da Prefeitura de Iguatu com o objetivo de fazer a água escoar mais rapidamente.

A cheia da lagoa do Julião e do seu entorno com as chuvas que banharam a cidade de Iguatu na semana passada totalizando em média 274mm, mais de 44.8% do esperado para o atual mês, que é de 189.2mm, e a falta de drenagem adequada provocaram transtorno aos moradores.

Antônio Cavalcante, gerente de loja, mora há um ano no loteamento Carvalho Park e contou que vivenciou momentos de aflição com a água na altura do joelho na rua e entrando na casa.

O sufoco maior já passou e o que a gente pede é um serviço de drenagem, um canal mesmo de terra para a água escorrer e não entrar nas casas da gente”
Antônio Cavalcante
gerente

Outro morador, Luciano Santana, autônomo, disse que  a comunidade espera a vinda de carro para limpeza de fossas. “A água invadiu as casas e os sanitários ficaram sem condições de uso”, contou. “Aqui em frente a minha casa, ficou na cintura”.

Rivânia Ribeiro, costureira, lembrou que passou mais de três noites acordadas com medo de a água subir mais ainda dentro da casa dela. “A gente pede um serviço de saneamento básico”, pontuou.

Histórico

As casas dos loteamentos Carvalho Park, Cajueiro e Areias II foram construídas em sua maioria em áreas alagáveis, com nível das ruas e dos imóveis abaixo de um patamar de segurança a cheias. Os imóveis foram financiados pela Caixa Econômica Federal, nos últimos seis anos.

Antes da construção de um empreendimento comercial de uma grande rede de atacado e varejo em uma área alagável, no ano passado, às margens da Avenida Perimetral, a água escoava com mais facilidade, segundo os moradores das áreas atingidas pela cheia.

“Esses loteamentos foram licenciados de forma irregular, casas construídas e ruas abertas em área de lagoa, sem o devido aterro e obras de drenagem”, observou o prefeito Ednaldo Lavor. “Estamos com operários e máquinas fazendo serviços emergenciais para liberação da água, limpeza de ruas, abertura de escoamento da água”.

A Coordenadoria de Defesa Civil do Município de Iguatu (Comdec) cadastrou cerca de 400 famílias atingidas pelo represamento da água da chuva e alagamento de ruas e casas para distribuição de cestas básicas, verificação das condições estruturais dos imóveis e esgotamento das fossas sanitárias.

A direção da empresa Assaí Atacadista não quis gravar entrevista, mas um dos engenheiros que construiu o empreendimento explicou que fez a rede de escoamento de água pluvial segundo projeto apresentado pela Prefeitura, no ano passado.

Já o prefeito Ednaldo Lavor informou que houve um erro de execução do projeto na colocação das manilhas que ficaram com nível mais elevado. “Isso provocou a retenção da água da chuva, dificultou o escoamento e contribuiu para alagamento dos bairros”, explicou. “Máquinas alugadas pela Prefeitura já fizeram a reabertura do bueiro e a empresa vai refazer a obra no nível correto”.