Nikolas Ferreira é condenado em segunda instância por transfobia contra Duda Salabert
Parlamentar responde à ação por injúria racial por ter se referido a deputada com pronomes masculinos em 2020 e terá de pagar indenização de R$ 30 mil
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi condenado em segunda instância em processo movido pela também parlamentar Duda Salabert (PDT-MG). A decisão foi proferida nesta terça-feira (5) e é referente a falas transfóbicas do parlamentar antes de ambos serem diplomados vereadores, em 2020. As informações são do jornal O Globo.
Na ocasião, o bolsonarista deu uma entrevista na qual se referiu a Salabert com pronomes masculinos. Por este motivo, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) manteve a condenação, por unanimidade, mas reduziu a indenização de R$ 80 mil para o valor de R$ 30 mil.
"Eu ainda irei chamá-la de 'ele'. Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é", disse Ferreira em entrevista, na época.
Após a declaração, a então vereadora entrou com uma ação por injúria racial e indenização por danos morais, julgada procedente pelo TJMG.
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A Justiça já havia destacado, em primeira instância, que sexo biológico e identidade de gênero não estão correlacionadas e que a transexualidade deveria ser respeitada: "No caso dos autos, a autora, conhecida professora e ativista pelos direitos dos transexuais em Belo Horizonte e no Brasil, de vez que eleita deputada federal nas eleições de 2022, vem há anos se apresentando perante a sociedade como mulher, tendo, inclusive, alterado seu assentamento civil para constar mudança de nome e sexo para o feminino".
A reincidência no tratamento com pronomes masculinos também foi destacada pelo juiz José Ricardo dos Santos de Freitas Véras, da 33ª Vara Cível.
"Os fatos narrados são incontroversos e estão acompanhados de documentos que comprovam as palavras proferidas pelo requerido que, por sua vez, não nega os acontecimentos, mas sustenta estar amparado pelo direito à liberdade de expressão e à manifestação religiosa. Contudo, tais direitos, assim como todos os direitos fundamentais, não são absolutos e podem ser restringidos quando colidirem com outros direitos", afirma o magistrado.
Deputada comemora decisão
Duda Salabert comemorou a decisão nas redes sociais e ironizou seu adversário político:
"Estou aguardando o pix na minha conta", escreveu. A parlamentar também afirmou que a medida fará com que Nikolas "aprenda a respeitar as travestis".
O deputado federal Nikolas Ferreira não se manifestou sobre a decisão.