'Nossos adversários são outros', diz Evandro Leitão, pré-candidato do PDT, sobre tensão com PT

A fala ocorre após recentes desgastes no grupo governista e em meio à possibilidade de ruptura entre as siglas

Em meio às incertezas sobre o futuro da principal aliança política do Estado, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), deputado Evandro Leitão (PDT), defendeu, em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, nesta quinta-feira (12), a união com o PT para as Eleições 2022 e ressaltou que aliados "não são adversários". 

A fala do parlamentar ocorre após recente tensão no grupo governista e em meio à possibilidade de ruptura entre as siglas. Pelo histórico da relação entre os partidos, pedetistas defendem que cabe ao partido indicar o candidato à sucessão ao Governo, já que, em 2014, no fim do Governo Cid, o indicado foi o petista Camilo Santana.

O PT, no entanto, tem se oposto a um dos principais nomes do PDT, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, e não descarta ter palanque próprio.

No início deste mês, falas do pré-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT), dizendo existir "ala corrupta" no PT, acusou o partido de fazer "conchavo" e defendeu enfrentar a legenda na disputa estadual. Os ataques reacenderam um histórico de desgastes principalmente em eleições nacional e municipais, no caso da Prefeitura de Fortaleza. Desde então, lideranças tentam controlar os ânimos de aliados e evitar uma ruptura. 

O presidente da Assembleia Legislativa é um dos nomes que têm atuado nos bastidores para acertar os pontos entre governistas. Ao Diário do Nordeste, Evandro reforçou o interesse em manter o PT junto.

Somos muitos e, dentro desses muitos, pensamos diferentes, mas sempre nos mantemos de forma muito respeitosa. Nós, aliados, não somos adversários, nossos adversários são outros, pessoas que pensam diferente"
Evandro Leitão
Presidente da AL-CE

O deputado é um dos pré-candidatos do PDT ao Governo do Ceará e divide a posição com Roberto Cláudio e com o deputado federal Mauro Filho, além da governadora, Izolda Cela. Em meio ao clima de desentendimento, Evandro falou também sobre o papel das lideranças.

"Enquanto líderes que somos, não podemos estar potencializando esse tipo de situação. O mais importante de tudo é estarmos mantendo a nossa unidade partidária, a unidade com os aliados, porque nós todos fazemos parte de um projeto, que está acima de nós, acima de qualquer interesse meu, seja de quem for", pontuou.

O acirramento tem sido manifestado por outros líderes. Nesta semana, o deputado federal José Guimarães (PT) publicou texto, nas redes sociais, no qual considerava a possibilidade de romper a aliança. Ele ainda se colocou como "disponível" para estratégias do PT. Até o final de maio, petistas devem promover novo encontro e prometem anunciar postura definitiva sobre a aliança.

"No que depender de mim, não haverá nenhum tipo de cisão", disse Evandro, citando outros partidos da aliança, além do PT, como MDB e PP. O discurso é semelhante ao adotado por Izolda Cela, na ocasião da fala de Ciro: "PDT, PT, MDB, PSD e tantos outros que integram nosso Governo têm sido fundamentais em todo esse processo", disse a governadora.

"Pronto para o desafio"

Atuando para apaziguar os ânimos, Evandro não descarta a possibilidade de ser o candidato. Em um evento ainda em abril, ele chegou a dizer que Izolda ficaria "se Deus quiser, mais quatro anos aí à frente do Governo do Estado do Ceará". Apesar da fala, ele reiterou ontem sua posição como pré-candidato.

"Para qualquer desafio, eu estou pronto, eu faço parte de um grupo politico e, (para) qualquer desafio, eu estou pronto, inclusive (para) nenhum (...) Não posso colocar meus interesses individuais acima de qualquer interesse coletivo, eu tenho que ser candidato de um grupo que confia em mim", disse. 

O deputado destacou ainda que os demais pré-candidatos  do PDT "também estão prontos" para uma eventual indicação ao Governo.

Presidente da Câmara defende união

Já tendo declarado apoio ao ex-prefeito Roberto Cláudio, o presidente da Câmara de Fortaleza, vereador Antônio Henrique (PDT), também defende a manutenção da aliança com o PT no Ceará. 

Questionado, o parlamentar reconheceu o que chamou de "desencontros" entre os dois partidos e ponderou que "com diálogo, as coisas se resolvem".

"Nós temos os mesmos projetos, o governador Camilo governou o Ceará por sete anos e três meses, ele é do PT. Eu sempre acreditei no projeto que une as forças para a continuidade", argumentou o vereador.