Lupi diz que PDT vai procurar Camilo e Elmano para tratar de aliança no Ceará: 'não é fácil'

Após uma sequência de reuniões mobilizadas por Cid e aliados, com a vinda de Lupi a Fortaleza, solução encontrada foi abrir diálogo com os petistas

Diante do impasse sobre a presidência do PDT Ceará, o líder nacional licenciado do partido, Carlos Lupi, disse que vai buscar o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e o governador Elmano de Freitas (PT) para conversarem sobre uma conciliação. A declaração foi dada com exclusividade ao Diário do Nordeste, nesta segunda-feira (26), após uma série de reuniões demandadas pelo senador Cid Gomes (PDT) diante de pressões por mudanças na direção da legenda no Ceará. 

"Semana que vem vou procurar o Camilo, que é um dileto e fraterno amigo, junto com o Cid, depois vamos procurar também o Elmano. Nessas horas, quando as coisas estão mais acirradas, é o momento de encontrar a unidade partidária, minha tarefa é buscar essa unidade", disse Lupi, ao Diário do Nordeste, após encontro com comissão de cidistas em um hotel na Capital. 

A expectativa é apaziguar a oposição de pedetistas da ala do ex-ministro Ciro Gomes – e defensores do atual presidente estadual, André Figueiredo – em torno do Governo do Estado. Na Assembleia Legislativa, por exemplo, Elmano tem a oposição de três deputados do PDT. 

O deputado federal licenciado, Eduardo Bismarck (PDT), foi o porta-voz da comissão de pedetistas que esteve com Lupi. Ele ressaltou a busca pela união do partido. "Do PDT, estadualmente falando, em torno do Governo do Estado. É isso que será buscado. Será buscada uma reunião com o ministro Camilo, pelo ministro Lupi, pelo presidente André Figueiredo e pelo senador Cid Gomes, na busca de um entendimento que possa congregar o lado dissidente do PDT em torno de um projeto majoritário do partido", pontuou.

Não entrou na conta um possível apoio do PT ao PDT em Fortaleza, que, em outras situações, já foi colocado em pauta pelos opositores. 

Desde o racha do partido nas eleições de 2022, somaram-se à crise a indefinição sobre a aliança com o Governo do Estado e, agora, a disputa pela presidência estadual do partido.

André Figueiredo na presidência

Segundo Lupi, a intenção é manter a presidência do PDT com Figueiredo até dezembro, prazo em que se encerra o atual mandato. Depois disso, o entendimento no partido pode vir com uma "chapa de consenso", pontuou o líder. Se isso não for possível, "tem que ter mecanismos e métodos para fazer uma nova eleição".

O presidente do PDT nacional, que também é ministro da Previdência, desembarcou em Fortaleza nesta segunda apenas para mediar essas discussões. Ele estará de volta a Brasília já na madrugada de terça (27).

"Não é fácil, mas eu já peguei situações muito mais difíceis e conseguimos resolver. Eu acredito muito que vai ter a solução, quando as cabeças querem resolver. Eu sinto boa vontade do Cid. Ninguém quer fazer o partido desmanchar, cada um achando que tem razão. O problema é contar com uma razão que faça todo mundo entender que precisa manter a unidade", concluiu Lupi. 

Apoio de Ciro Gomes

Lupi também comentou sobre as demandas de prefeitos presentes na reunião. "Governo é governo, tem peso, então eles ficam numa linha do partido de ficar uma parte dele na oposição, eles têm medo de não conseguir uma sobrevivência pra ganhar eleição", ressaltou.

Em relação às críticas de Ciro a uma eventual aliança estadual e à aproximação com Camilo Santana, a quem acusou de querer "montar um monopólio de poder no Ceará", Lupi disse que o ex-ministro delegou a ele as tratativas.

"Tenho falado com ele (Ciro). Ele delegou a mim a competência pra fazer esse processo, o que eu decidir, ele topa", assegurou Lupi.

Crise no PDT

A divisão do partido ficou explicita nas reuniões desta segunda-feira e no encontro regional do partido que, sediado em Fortaleza, concentrou a ala defensora de Figueiredo. Já as tratativas desta semana foram monopolizadas por cidistas.

O senador, inclusive, disse que não compareceu ao encontro regional na quinta-feira (22) porque "o clima ficou tenso" devido a uma conversa "que não terminou bem" com o atual presidente estadual, ocorrida no mesmo dia.

"A gente não faz política na imprensa ou, principalmente, a gente não expõe os problemas da gente na imprensa, a gente deve procurar resolver internamente. [...] Esse grupo que está aqui (de aliados) quer paz, quer olhar para frente, quer virar a página das eleições (de 2022) e quer olhar pra frente. Tudo pode ser discutido na frente, né? Inclusive a relação com o Governo Federal, a relação com o Governo do Estado, mas isso tudo a gente deve fazer internamente, respeitando o pensamento majoritário do partido", avaliou. 

Os dias que antecederam o evento partidário da última semana foram marcados por fortes declarações públicas sobre o assunto, em especial as de Ciro Gomes, ex-ministro e seu irmão. Ele chegou a defender incisivamente a liderança de Figueiredo em uma das suas primeiras agendas políticas pós-eleições.