O mercado de geração de energias renováveis ganhou um novo reforço na última terça-feira (25), quando o Governo Federal publicou o decreto de regulamentação da produção eólica em alto mar (offshore).
A iniciativa, que deverá destravar pelo menos R$ 110 bilhões em investimentos no Ceará, foi comemorada por membros do mercado, políticos e representantes do Governo Estado, pois deve impulsionar o novo hub de hidrogênio verde. Além disso, a regulamentação tem previsão de gerar 86 mil novos postos de trabalho em toda a cadeia.
Como a demanda por energia renovável é muito grande, considerando as novas usinas de hidrogênio verde, o mercado de energia estava aguardando ansiosamente a liberação do projeto de regulamentação da produção de energia eólica offshore.
Contudo, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado, Maia Júnior, o impacto desse decreto deverá ser muito maior, trazendo benefícios para toda a cadeia do setor de energias renováveis e até mesmo os consumidores, através do mercado livre.
"A expectativa é melhor possível. É um ponto de partida, mas é um ponto de partida importante. A regulamentação é um desejo de todos que fazem o desenvolvimento dessa economia. Agora temos a expectativa da resposta do mercado para saber como ele vai fazer para movimentar essa cadeia produtiva, não só para produção, mas também para fabricação de equipamentos. Vai impulsionar muitos setores da cadeia e fortalece o que estava sendo feito antes", disse Maia.
"Além disso, ela será importante para desenvolver o mercado e os projetos de hidrogênio no Brasil. Foi um aprovação importante para a produção de energias renováveis no Brasil e seremos, no futuro, um dos maiores produtores de energia offshore. É um passo importante para o Estado do Ceará", completou.
Aguardando liberação
Atualmente, somados, os projetos que ainda aguardavam a regulamentação da produção de energia eólica em algo mar, no Ceará, têm um potencial de mais de 11 gigawatts (gW). A lista inclui os empreendimentos Camocim (1,2 gW), Asa Branca (400 MW), Jangada (3 gW), Caucaia (576 MW), Dragão do Mar (1,216 gW), e Alpha Wind (5,1 gW).
Cadeia impulsionada
A perspectiva positiva de geração de empregos também foi expressa por Ricardo Cavalcante, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), que projetou um total de 86 mil novos empregos no setor, considerando toda a cadeia produtiva.
Além disso, o presidente da Fiec comentou que a liberação dos investimentos em usinas offshore poderá lançar o Ceará a um patamar de destaque nos mercados nacional e internacional.
"Os empreendimentos em licenciamento no Ceará somam 11.492 MW. Se 50% desses empreendimentos se viabilizarem, representarão 11 bilhões de dólares em investimentos em um prazo de 7 a 8 anos. Essa fonte de energia já está em grande desenvolvimento na Europa, Ásia e Estados Unidos. Com esses empreendimentos no Brasil esperamos atrair empresas industriais desse segmento. O Ceará que já é destaque na indústria eólica onshore na fabricação de turbinas e pás eólicas, poderá vir a ser, também na offshore", afirmou.
Potenciais a explorar
Para o diretor de geração centralizada do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE), Luiz Eduardo Moraes, o decreto de regulamentação das offshores, além de trazer ganhos para o mercado, poderá ajudar o Estado a explorar um potencial anteriormente intocado. Um dos pontos destacado por ele é que o potencial geração em alto mar é muito superior à toda a energia gerada pelo Estado atualmente.
"O Ceará, sozinho, numa faixa marítima até 45 km da costa avaliada pelo Atlas Eólico e Solar do Estado, conta com 117 GW de potência, em profundidade de até 50 metros, sendo o maior potencial entre 20 e 30 metros, excepcional para uma eólica offshore. A grandeza deste dado pode ser medida com o atual volume implantado de energia eólica em todo o Estado, que é algo em torno de 2,5 GW", explicou.
Moraes ainda projetou o nível de investimento que deverá ser registrado nos próximos anos, e o impacto disso para a geração de empregos no Ceará. Ao todo, segundo estimativas do Sindienergia deverão ser criados 75 mil empregos para cada 5GW implantados.
“A nossa estimativa de investimento para o estado do Ceará, nesse caso, seria: considerando que dos cerca de 11,5 GW de projetos em análise no IBAMA tenhamos 5,0 GW implantados, a um valor de US$2,0 bilhões/GW, isso significa um investimento de US$10 bilhões, num horizonte de aproximadamente 8 anos. Por fim, para 5 GW implantamos, estimamos que sejam gerados aproximadamente 75 mil empregos”.
Vitória regional
Já para o deputado federal Danilo Forte (PSDB), presidente da Frente Parlamentar pelas Energias Renováveis, defendeu que a nova regulamentação poderia ser considerada como "maior vitória para o desenvolvimento econômico do Nordeste brasileiro". Ele ainda celebrou o trabalho que o Congresso vem realizando para conseguir desenvolver o projeto de regulamentação das offshores.
"Essa é a maior vitória para o desenvolvimento econômico para o Nordeste Brasileiro. As offshores vão dar competitividade ao Nordeste para geração de hidrogênio verde e viabilizar investimentos superiores a 16 bilhões de dólares no Ceará e também muita geração de empregos, e diminuição de emissão de carbono. Poderemos oferecer o hidrogênio a um preço mais barato que gás produzido na Rússia e isso me deixa muito feliz porque nos coloca no centro econômico do mundo", afirmou.