A Copa do Mundo do Catar 2022 trará muitas opções de entretenimento para os fãs de futebol e da Seleção Brasileira. Mas o torneio, um dos maiores eventos esportivos do planeta, também poderá gerar boas oportunidades de investimento no mercado de ações para as pessoas que estiverem mais atentas ao mercado. Especialistas consultados pela reportagem apontaram empresas que poderão ter ações valorizadas antes e durante o períodos dos jogos.
O foco dos economistas e assessores de investimento foi concentrado nos setores de consumo de alimentos, varejo, eletrodomésticos, e materiais esportivos. De acordo com os especialistas, com o aumento da procura por produtos como carnes, cervejas, televisões, e até equipamentos para a prática de esportes, o faturamento de algumas empresas deverá crescer nos próximos meses, impulsionando o valor dos papéis de algumas empresas negociadas na B3 (Bolsa de Valores Brasileira).
"A Copa do Mundo pode beneficiar setores ligados a consumo, entretenimento, publicidade, consumo de carne e bebidas, aparelhos eletrônicos. Esses setores tendem a se beneficiar. Quando você tem esses grandes eventos com possibilidades de gerar grande encontros, festas e consumo de produto específicos, esses setores tendem a ter alta de faturamento e valorização das ações", explicou Ricardo Coimbra, conselheiro do Conselho Regional de Economia no Ceará (Corecon-CE).
Veja algumas empresas apontadas pelo conjunto de especialistas ouvidos pela coluna que poderão ser bons investimentos durante a Copa do Mundo:
- Ambev (bebidas)
- Minerva (alimentação)
- Marfrig (alimentação)
- BRF (alimentação)
- Vulcabrás (vestuário)
- Via Varejo (comércio)
- Magazine Luíza (comércio)
- Americanas (comércio)
- SBF/Centauro (material esportivo)
Henryque Campos, executivo da Aveiro Consultoria, ainda projetou que empresas particionadoras da Seleção Brasileira poderão ser beneficiadas pelo mercado, considerando um possível aumento de demanda pelos produtos e serviços ofertados por elas.
"Além disso, outras ações poderão também se beneficiar do período de Copa do Mundo, em especial, as companhias que sejam patrocinadoras da Seleção Brasileira, uma vez que terão maior espaço e divulgação na mídia esportiva, bem como, inserções diárias e anúncios entre as partidas", disse.
Tendência de queda
No sentido oposto, alguns setores poderão sentir impactos negativos durante a Copa do Mundo. A razão é a mesma: uma variação da demanda durante o período. Contudo, neste caso, seria uma redução das compras e, possivelmente, faturamento. Os setores mais impactos deverão estar relacionados a energia, seguros, saúde e serviços médicos, além de hospitais e laboratórios.
"Alguns setores não se beneficiam da Copa do Mundo, tais como: seguros e previdências, energia elétrica, serviços médicos e saúde. O setor de hospitais e laboratórios historicamente já sofre no último trimestre do ano, período que também coincide com férias, feriados e festas de final de ano", disse Campos.
Impacto controlado
Apesar das perspectivas de aumento da demanda de alguns produtos, Thomaz Bianchi, sócio da M7 Investimentos, ponderou que esses movimentos já foram precificados pelo mercado, podendo reduzir o potencial de ganhos para as ações durante a Copa.
Além disso, a conjuntura macroeconômica, que aponta para alta de juros no mercado externo e uma possível recessão global em 2023, pode acabar, também, diminuindo o potencial de valorização das empresas na Bolsa de Valores.
Outro aspecto de incertezas para os investidores brasileiros considerarem é o pleito para definição do novo presidente do Brasil, que poderá trazer alterações da agenda econômica. Essas mudanças de cenário poderão ter reflexos diretos ao mercado de capitais.
"O mercado como um todo vem sofrendo com desafios relevantes que reduzir o impacto da Copa tanto aqui quanto no mundo, obviamente, o turismo e as companhias aéreas são beneficiados, e a gente tem as cervejarias, que também vendem mais nesse período. Mas tudo isso já foi precificado pelo mercado, pois é um evento já esperado", disse Bianchi.
"Temos desafios muito relevantes, como o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos e na Europa, uma possível recessão global, e as eleições presidenciais no Brasil, então eu acho que essa avaliação de impacto não seria relevante pela situação macroeconômica atual. Devemos ter efeitos pontuais e no curto prazo, o que se deve observar é menos a Copa do Mundo e mais essas questões macroeconômicas", completou.
Sites de apostas e fluxo na Bolsa
Outro ponto a ser considerado, segundo Henryque Campos, é que o fluxo de negociações na Bolsa tende a ser menor durante os dias de jogos, já que alguns investidores acabam se concentrando mais no mercado de apostas, totalmente legalizado em alguns países, como a Inglaterra.
Apesar das peculiaridades legais do mercado brasileiro, as apostas também tem um espaço considerável quando relacionada a eventos esportivos.
"Os investidores também são torcedores de suas seleções nacionais. Em alguns países, como na Inglaterra, o negócio de apostas esportivas é legalizado; logo, esse desvio de atenção durante a Copa do Mundo faz com que o volume negociado na Bolsa diminua. Há estudos do Banco Central Europeu que nos dias de jogos houve redução nas transações de 48% durante a Copa 2014 e 36% durante a Copa 2010, mesmo quando sua seleção não estava jogando", disse.