O desejo de buscar ter uma alimentação saudável já é desafiador e cheio de dúvidas para muitos. No caso das gestantes, este pode ser mais um fator de preocupação no período. Saber o que comer, as quantidades e o que pode não fazer bem para o desenvolvimento do bebê permeiam muitas mulheres ao longo dos meses de gravidez.
E afinal, como deve ser a alimentação de uma gestante? A nutricionista Juliana Araújo pontua que cada grávida é única e, por isso, sua alimentação deve ser baseada em um conjunto de fatores individuais como rotina, preferências, poder aquisitivos, alegrias e crenças, por exemplo.
“Contudo, pensando no bem-estar dela e de seu bebê, sua alimentação deverá ser baseada em grupos alimentares nutritivos e variados, dando prioridade para os que sejam mais naturais possíveis, como frutas, legumes, raízes, proteínas de alto valor biológico, carboidratos de boa qualidade, leguminosas, além de não esquecer também da hidratação”, explica.
Dentre os alimentos que devem ser prioridades das grávidas, a especialista indica o consumo de frutas e verduras, de preferência orgânicos. “A escolha deverá ser pelo máximo de variedade possível, alimentos da estação, regionais, frescos e com grande atenção a higienização, pois deverão ser bem lavados antes do consumo, para remover qualquer sujeira, bactérias ou pesticidas”.
Já em relação ao que deve ser evitado durante o período, Juliana destaca que existem aqueles que realmente não devem ser consumidos e outros que podem ser ingeridos com moderação, é o caso de bebidas alcoólicas, alimento cru ou mal-passado e cafeína, por exemplo.
“Dentre os que não devem fazer parte da ingestão de uma grávida, estão a bebida alcoólica, pois seu consumo está associado a uma série de complicações para o desenvolvimento fetal, incluindo a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), que pode resultar em problemas físicos, cognitivos e comportamentais para o bebê. Alimentos crus ou mal-passados, pelo risco de contaminação por Listeria monocytogenesda, salmonella, Anizakis simplex, toxoplasma dentre outros. A cafeína também deverá ser consumida com moderação, pois seu excesso também está associado a complicações na gestação”.
A especialista frisa ainda que uma boa alimentação traz inúmeros benefícios tanto para a mãe como para o bebê. Ela reduz, dentre outros, o risco de baixo peso ao nascer e do diagnóstico de restrição de crescimento intra-útero, redução de eclampsia e pré-eclâmpsia, redução do risco de defeitos congênitos, alterações de pressão, diabetes gestacional, alterações de tireoide, anemia, redução de depressão pós-parto.
Outro ponto relacionado a alimentação da gestante que é importante ressaltar é que a dieta vai mudando a cada trimestre, pois cada período tem demandas específicas de calorias, macro e micronutrientes.
“Por isso, essa paciente grávida não pode seguir a mesma dieta ao longo de toda sua gestação. Precisa ter ajuste a cada fase para evitar desequilíbrios nutricionais e isso acabar prejudicando ela e seu bebê. O acompanhamento com nutricionista especializado, junto com obstetra e educador físico será fundamental para essa fase tão importante”, afirma.
A alimentação da mãe influencia na formação e desenvolvimento do bebê?
A nutricionista explica que “por volta de 14 semanas intra-útero, o bebê desenvolve o reflexo de deglutição e passa a engolir o líquido amniótico da mamãe. Estudos comprovam que esse líquido amniótico será saborizado e flavorizado pelos alimentos que essa gestante irá comer durante seu período gestacional”.
Em virtude disso, Juliana diz que tudo que a mãe consumir durante a gravidez vai influenciar diretamente nas preferências alimentares do bebê, que podem chegar até a vida adulta dele.
“Outros fatores que são influenciados pela alimentação da gestante é a boa formação neuro-visual-cognitiva-motora do bebê, prevenção de doenças crônicas, completo crescimento e desenvolvimento, ajudando numa excelente programação metabólica”, complementa.
Suplementação
Além de ter um controle sobre a dieta, muitas gestantes precisam ainda suplementar alguns nutrientes que não conseguem ter o valor ideal apenas com a alimentação. A especialista afirma que para isto ocorrer, é feito uma série de análises que pode variar como exames laboratoriais, a própria dieta materna, prática de exercícios físico e exames físicos.
Juliana lista ainda os nutrientes que considera fundamental na gravidez: ômega 3, ferro, vitamina B12, zinco, magnésio, vitamina D, colina, probiótico, ácido-alfa-lipóico, vitamina k2, folato e vitamina B6.