Grupo governista age para ampliar aliança no xadrez eleitoral de Fortaleza

A sucessão do prefeito Roberto Cláudio começou a ser montada ontem, pelo grupo governista. Ainda está longe de definições, mas há sinalizações aparentes. A desincompatibilização dos secretários Samuel Dias (PDT), Ferruccio Feitosa (PDT) e Alexandre Pereira (Cidadania), na Prefeitura, e de Élcio Batista (PSB) e Nelson Martins (PT), no Estado, mostra os movimentos de algumas peças no xadrez eleitoral, com uma simbologia.

O movimento desta quinta-feira (4) deu um norte às negociações: tentar ampliar os diálogos e chamar partidos como o PT para o diálogo, numa perspectiva de expandir a aliança em preparação para um cenário de ter que enfrentar aliados do presidente Jair Bolsonaro.

Sob o comando do PDT, o grupo quer apostar mesmo "no projeto" e nas realizações da gestão, mas pode ter que atuar também nesta outra perspectiva.

Outros nomes

As atenções neste momento estão voltadas aos nomes que deixam o Executivo, mas no Parlamento há, pelo menos, dois considerados na corrida eleitoral para o grupo governista. O presidente da Assembleia Legislativa, José Sarto (PDT), um nome com base eleitoral na Capital e chefe de um Poder, como Roberto Cláudio, quando saiu candidato em 2012. E também Salmito Filho (PDT), outro que disputou a indicação do grupo político em 2012 e já foi presidente da Câmara Municipal, exercendo liderança entre os vereadores. No Legislativo municipal, aliás, está Antônio Henrique (PDT) um presidente com liderança entre os colegas.

Polarização nacional

O fator a ser observado, como dissemos na nota de abertura, é a conjuntura atual, de conflagração das forças políticas.

A disputa pode empurrar o pleito da Capital para uma polarização entre duas forças. Uma mais progressista contra outra corrente mais conservadora, que estaria ligada ao presidente Jair Bolsonaro.

A última sinalização de Ciro Gomes, de tentar chamar o PT para o "nós contra eles", deu um indicativo disso. Como será a reação interna do PT a estas sinalizações é o ponto a conferir nos próximos dias. Do ponto de vista partidário, independentemente disso, a aliança do grupo governista seguirá ampla.

Articulação parlamentar

Causou grande repercussão, ontem, o tema de abertura desta coluna a respeito da videoconferência entre um grupo de empresários cearenses e o presidente Jair Bolsonaro. O encontro foi solicitado pelo presidente do Sindipostos, Manuel Novais Neto, com articulação da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que passou a ser uma líder informal do governo Bolsonaro no Congresso. A bancada cearense no Congresso Nacional, aliás, está órfã de lideranças que tenham trânsito, de fato, no governo Bolsonaro.

Sinal de maturidade

O deputado cearense com mais diálogo com a equipe do Governo Federal, no momento, por mais paradoxal que pareça, é o opositor Mauro Benevides Filho (PDT). Autor do projeto que destina R$ 177 bilhões de fundos públicos para reforçar o caixa nacional na pandemia, o pedetista conseguiu o aval e o governo Bolsonaro dará apoio à propositura no Congresso Nacional. Mauro é opositor, mas considera que o projeto dará contribuição ao País. Sinal de maturidade política das partes.