Opinião
Em conversa com cearenses, Moro questiona governo Bolsonaro e defende a Operação Lava Jato
Videoconferência foi organizada hoje pelo grupo de líderes empresariais Lide Ceará. Moro desconversa sobre entrar na política e faz defesa da Lava Jato
O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro disse, nesta quinta-feira (13), que não acredita que o governo Bolsonaro esteja empenhado em fazer as reformas que o País precisa. Para ele, isso fica claro quando o tema é o combate à corrupção. Ex-juiz da Lava Jato, Moro tratou de defender o 'legado' da operação e disse que estão fazendo "questionamentos absurdos" sobre a força-tarefa.
Moro discutiu ideias para o País com empresários cearenses por meio de vídeoconferência organizada pelo grupo de líderes empresariais Lide Ceará.
Durante a apresentação, o ex-ministro abordou aspectos relacionados à vida pública nacional e aos desafios que o País têm pela frente, não só na área jurídica e de combate à corrupção, pela qual chegou à esplanada dos Ministérios, mas questões relacionadas às reformas e à economia, numa sinalização de que pode ter pretensões políticas, embora desconverse sobre o assunto por enquanto.
Em resposta a um questionamento deste colunista sobre como observa o Governo Bolsonaro hoje, após sua saída, o ex-ministro disse o seguinte:
"Tenho expectativa de que o governo acerte a mão e realize as reformas. Tenho dúvidas a respeito do real espírito reformista do governo. Na corrupção é um compromisso ausente", disse o ex-juiz, ao reforçar que, no momento, não pensa em candidatura, mas quer "participar do debate público".
Em meio às turbulências no governo federal, em que há um embate entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e outros auxiliares do presidente Bolsonaro como o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, em relação à política econômica, Moro fez elogios a Guedes, mas disse não ter condições de comentar estando fora do governo.
Segundo ele, o Brasil precisa modificar a forma como as relações acontecem entre o Governo Federal e o Congresso Nacional. "O Executivo empoderou as pessoas erradas no Legislativo, que tornaram o Executivo refém de vontades não republicanas. Empoderou uns em detrimento dos outros", destacou.
Lava Jato
Quando o assunto foi a operação Lava Jato, por meio da qual ganhou visibilidade, Moro fez uma defesa enfática da operação, que vem sofrendo com investidas da Procuradoria Geral da República. Segundo ele, "há questionamentos absurdos". E aproveitou para defender a sua atuação na operação. "sempre condenei com base na lei e nas provas", declarou, ao rechaçar possíveis conotações políticas que foram questionadas durante toda a operação.
Planos políticos
Durante a 'live', em diversas oportunidades, Moro negou que esteja decidido a entrar na política, mas sobre sua orientação política, declarou ser de "centro-direita". "As pessoas gostam de especular sobre o meu futuro. Quando passar essa quarentena, eu vou voltar ao setor privado. Isso que estou pensando agora", destacou.
