Disputa pela Coronavac atrasa a vacinação no Brasil

A CoronaVac, vacina contra a Covid-19 produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, protagoniza mais uma queda de braço entre o Governo de São Paulo e o Governo Federal.

Após o diretor do Instituto paulista, Dimas Covas, informar que aguarda, até o fim desta semana, uma resposta do Ministério da Saúde sobre a aquisição de 54 milhões de doses do imunizante em adendo de contrato - sinalizando que, sem resposta do Governo brasileiro, poderia avançar em negociações com países vizinhos -, nesta quinta-feira (28) ele disse que poderia pactuar os imunobiológicos com os estados.

No mesmo dia, o Consórcio Nordeste entrou no imbróglio. O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que preside o Consórcio e coordena as discussões sobre vacinação no Fórum Nacional de Governadores, deixou claro que os chefes de executivos estaduais pretendem comprar os imunizantes caso seja necessário.

"Essa vacina, nós vamos querer para o Brasil. Em primeiro lugar, queremos a compra pelo Ministério (da Saúde). Não sendo possível pelo Ministério da Saúde, a compra (da CoronaVac) será através dos estados", afirmou, após ligar para vários chefes de executivos estaduais para tratar do assunto.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por sua vez, destacou nas redes sociais que determinou que o Instituto Butantan forneça as doses adicionais da CoronaVac "prioritariamente aos estados e municípios do Brasil". Mais uma vez, falta diálogo e sobra politização. Não que decisões de governantes em meio à pandemia não sejam, essencialmente, políticas, mas o embate entre entes federados, neste caso, trava a ampliação do Plano Nacional de Imunização, já atrasado no País.

É possível que o Governo Federal reaja às pressões de governadores - e a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), é preciso dizer, tem um histórico de sair de certa inércia apenas sob pressões -, mas nada garante uma mudança de postura definitiva, que se espera desde o início da crise sanitária. É legítima, contudo, qualquer mobilização diante de uma demora que pode custar caro.

Pedido a Camilo

O assunto já teve repercussões na política cearense, mesmo durante o recesso parlamentar. O deputado estadual Heitor Férrer (SD), opositor ao Governo do Estado, foi às redes sociais para solicitar ao governador Camilo Santana (PT) que garanta a vinda de novas doses da CoronaVac ao Ceará diante do impasse nacional.

Contato com a Câmara

O prefeito Sarto Nogueira (PDT) tem recebido vereadores nos últimos dias. Os diálogos acontecem, inclusive, com parlamentares filiados a partidos opositores durante as eleições, caso de Danilo Lopes, do Podemos. O vereador tem dito que adotará postura de independência e que não se reconhece como apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ou do deputado federal Capitão Wagner (Pros). A rotina na Câmara estará aí para comprovar.

* Equipe de Política redigiu a coluna.